Bernardo Gonzaga, da Agência iNFRA
Na última audiência pública na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para receber contribuições à renovação de outorga da malha da MRS Logística, na semana passada, os participantes foram praticamente unânimes em pedir para que a companhia ferroviária se abra também para o transporte de carga geral.
Hoje, mais de 80% da carga transportada pela MRS Logística é minério de ferro. O diretor de Relações Institucionais da companhia, Gustavo Bambini, confirmou a pretensão da empresa em aderir a outras cargas, caso ela venha ter a outorga renovada.
“É desafiador para uma empresa que passou os últimos 20 anos com um serviço de excelência prestado e prestar esse mesmo grau de serviço para novas cargas. Mas ao mesmo tempo é reconfortante imaginar que poderemos fazer isso nos próximos anos, caso a prorrogação do nosso contrato venha a ser aceita”, disse.
A expectativa é que a MRS construa o Trem Intercidades ligando São Paulo a Campinas (SP) para transporte de passageiros. A construção do Ferroanel, também em São Paulo, ainda é uma dúvida. O diretor da companhia não revelou quais trechos serão construídos como contrapartida à renovação.
Críticas
O presidente da ANUT (Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Cargas), Luiz Baldez, embora não tenha se manifestado contra a renovação da malha, disse que não ficou claro na proposta da MRS qual será o benefício do usuário.
Ele criticou também que o documento com a proposta de renovação da malha tem cerca de 1.500 páginas e que ficou disponível no site da agência somente 12 dias antes do início das sessões de audiências públicas.
Outro ponto debatido foi o direito de passagem. Segundo Célio Pereira, consultor da Otimiza Consulting Group, o direito de passagem “deveria estar claro, porque ele auxilia o operador ferroviário independente a ter seu material rodante e poder concorrer, o que ajudaria a regular o frete de uma forma a reduzir a nossa perda logística de 5% do PIB ao ano”, disse.
Relatório Final
Segundo o relatório final da ANTT, o valor de outorga estimado para a renovação da malha da MRS é de R$ 2,07 bilhões e VPL (Valor Presente Líquido) de 11,04% ao ano, com preços de dezembro de 2017.
O relatório aponta também que, caso o contrato de concessão seja prorrogado, haverá um montante de R$ 16,7 bilhões em novos investimentos, o que inclui ampliação do pátio de Santos (SP) e adequação do pátio de Campo Grande (MS).