Distribuidoras investem R$ 130 bi e buscam maior resiliência das redes elétricas com base em experiências internacionais

da Agência iNFRA 

As distribuidoras associadas da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica) já vêm trabalhando fortemente para enfrentar os eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes no Brasil. Além do anúncio de R$ 130 bilhões em investimentos para os próximos quatro anos, as empresas apostam em tecnologia e inovação, que inclui a aplicação de recursos em digitalização e automação das redes. Com essas ações preventivas de manutenção, as companhias vão garantir redes mais resistentes durante os eventos extremos. 

Além disso, a Abradee e suas associadas têm buscado adquirir mais conhecimento através do compartilhamento de informações com países que já lidam com ocorrências extremas, como furacões e enchentes. Essas experiências globais de aprimoramento da resiliência das redes de energia e do enfrentamento dos eventos extremos serão tema do encontro “Eventos Climáticos Extremos: Experiência Internacional e Impactos nas Redes de Energia Elétrica”, que será realizado nesta quarta-feira (11) pela Agência iNFRA e o Instituto Abradee, em Brasília (DF). 

Dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) mostram que entre 2018 e 2023 os eventos tiveram pioras expressivas em impacto e aumentaram em três vezes a frequência das ocorrências. Neste ano, novos episódios de alta gravidade foram registrados, como por exemplo as enchentes no Rio Grande do Sul.

Neste caso específico, a Abradee e as suas associadas fizeram um trabalho inédito de compartilhamento de equipes e equipamentos para garantir o rápido retorno da energia elétrica. Mais de 300 profissionais e centenas de equipamentos, como veículos, geradores, subestações móveis e helicóptero, foram enviados para o Rio Grande do Sul.  

A associação iniciou neste ano um estudo aprofundado sobre essa nova realidade que o Brasil vem enfrentando e os efeitos dos eventos extremos nas infraestruturas de energia elétrica. A estratégia tem sido comparar a experiência brasileira com a de outros países. Para isso, foi firmada uma parceria com a agência americana USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o que incluiu visitas técnicas a Washington, Chicago e São Francisco para conhecer as realidades de cada local.

“De tudo que a gente colheu dessa avaliação ao longo desse período, dessa experiência internacional, é que isso não é um problema brasileiro. Nos Estados Unidos, a curva é muito semelhante de piora (dos eventos extremos), especialmente a partir de 2015. No Reino Unido também, a partir de 2018. Em todos os lugares esse tem sido um grande desafio”, afirma Ricardo Brandão, diretor-executivo de Regulação da Abradee.

P&D
A partir dessas primeiras experiências colhidas, a Abradee dará início a um projeto de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) cooperado entre seus grupos associados para trazer soluções de resiliência para as redes de eletricidade do Brasil. O projeto será apresentado à ANEEL no dia 12 de dezembro. O objetivo é extrair um conjunto de medidas e propostas para contribuir com o debate público.

“Uma das coisas que chama atenção é que cada evento é diferente do outro. A gente aprendeu isso com essa experiência. Tem evento de chuva e enchente que é diferente dos eventos de vento, de deslizamento de terra. Cada um tem a sua particularidade e o seu desafio”, diz Brandão.

Os primeiros estudos, por exemplo, mostram que os eventos extremos, mesmo com os investimentos para aumentar a resiliência do sistema, resultam em um tempo considerável para a recuperação, uma vez que em determinados casos podem demandar uma completa reconstrução de redes.

Consulta pública
As percepções do evento de quarta-feira somadas aos estudos prévios servirão de insumo para a contribuição da Abradee na CP (Consulta Pública) 32/2024 da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), que trata sobre o tema. O encerramento da CP estava previsto inicialmente para o dia 12 de dezembro, mas foi prorrogado até o dia 19. 

A consulta decorre da Tomada de Subsídios 2/2024, realizada pela agência entre fevereiro e abril deste ano, com o objetivo de “avaliar a necessidade de intervenção regulatória associada ao aumento da resiliência do sistema de distribuição e de transmissão a eventos climáticos extremos”. 

Uma outra tomada de subsídios, a número 4/2024, ocorreu à época para “avaliar os benefícios de definir padrão de relatório de expurgos em situação de emergência” e ainda considerar “os benefícios de revisar a modelagem dos dados sobre interrupções e ocorrências emergenciais”.

O evento
O encontro em Brasília terá como palestrantes Michael Spoor, ex-vice-presidente da Florida Power; Grant McEachran, da S&C Electric Company; Nivalde de Castro, coordenador do Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico /UFRJ); e Walmir Freitas, da Unicamp (Universidade de Campinas). Eles participarão do painel “Impactos, mitigação e recomposição de redes diante de eventos climáticos extremos”, que será mediado pelo CEO do Grupo Energisa, Ricardo Botelho.

Além da resiliência das redes, o evento abordará as previsões que ajudam na preparação preventiva para os eventos extremos. Especialistas abordarão o porquê de os modelos climatológicos não serem suficientes para identificar com precisão esses eventos maiores. Em São Paulo, por exemplo, ocorrências recentes tinham previsões de ventos de até 55 km/h, mas que atingiram 107 km/h.

Também será abordada a questão ambiental, como o manejo arbóreo nas grandes cidades, para explicar o que é responsabilidade do município e o que cabe à distribuidora quanto à poda preventiva diante da legislação atual. O tema também integra a consulta pública da ANEEL.

O painel “Desafios e possibilidades para centros urbanos em eventos climáticos extremos” terá participação de Pedro Regoto de Souza, do Climatempo; Sérgio Brazolin, do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas); e Rose Hofmann, ex-diretora do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) e sócia da Delta Infra. Solange Ribeiro, vice-presidente de Regulação, Institucional e Sustentabilidade da Neoenergia, será a mediadora.

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