Acordo com a Bolívia envolve exportação de 400 mw médios, novas linhas e interconexão com MS

Marisa Wanzeller e Leila Coimbra, da Agência iNFRA

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assinou nesta terça-feira (9) memorando de entendimento com a Bolívia que prevê a conexão dos sistemas de transmissão e distribuição de energia elétrica dos dois países. O objetivo seria viabilizar o fornecimento de energia do Brasil para sistemas isolados do norte da Bolívia, informou o ministério em nota

Silveira acompanhou o presidente Lula em visita oficial ao país vizinho, onde ocorreu o Fórum Empresarial Bolívia-Brasil.

Exportação
Segundo fontes, os governos estudam possibilidades: 1) a conexão dos sistemas isolados da Bolívia à rede de distribuição do Acre e de Rondônia, permitindo que o país adquira até 1% da carga da distribuidora (Energisa) ou compre energia pelo mercado livre; 2) investimentos em transmissão, para uma “integração mais robusta”. 

Outra opção poderia viabilizar a capacidade de exportação de cerca de 400 MW médios, via interconexão com o Mato Grosso do Sul, e a comercialização seguiria os mesmos moldes praticados com a Argentina e o Uruguai.

Dessa capacidade, cerca de 336 MW médios poderão ser oriundos apenas da UHE (Usina Hidrelétrica) Jirau, visto que outro memorando assinado pelos governos permite que hidrelétrica localizada no Rio Madeira opere na cota 90m de forma “constante ou ampliada durante o período de estiagem”, viabilizando 11% de acréscimo de geração anual da usina. 

Crise hídrica
A administração de Jirau busca viabilizar a operação na cota 90m desde 2021, informaram fontes. À época, o argumento apresentado às autoridades era que a modificação poderia amenizar os desdobramentos da crise hídrica no país.

Os dirigentes também defendem que, caso a cota tivesse sido atingida ainda no ano passado, a usina de Santo Antônio não teria sido paralisada com a seca que atingiu o rio Madeira, porque “a cascata do rio seria adequadamente administrada”. 

Infraestrutura de gás
Os países também assinaram um aditivo ao “memorando de entendimento sobre assuntos energéticos”, permitindo a utilização da infraestrutura de dutos já existente no transporte de gás natural entre os dois países. 

A declaração conjunta de Lula e Luis Alberto Arce Catacora, presidente da Bolívia, divulgada pelo MRE (Ministério de Relações Exteriores), diz que os mandatários “comprometeram-se a encontrar formas de aumentar o volume de gás que flui através do Gasoduto Brasil-Bolívia, tendo em conta a viabilidade econômica de novos projetos de exploração e incluindo a possibilidade do transporte de gás de terceiros países participantes para abastecer o mercado brasileiro”.

Durante discurso no evento, o ministro Alexandre Silveira disse que o Brasil está “jogando em todas as frentes”, “tanto na questão da diminuição da injeção e na regulação dos gasodutos” quanto em “escoamento para diminuir preço com as nossas origens, buscando dialogar com as províncias na Argentina, buscando dialogar com o gasoduto da Bolívia, buscando dialogar com a possibilidade real de investimentos em estações”.

Biocombustíveis
Os presidentes também “reafirmaram a importância da cooperação para aumentar a capacidade de produção e a utilização de fontes de energia renováveis, incluindo os biocombustíveis”.

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