*Geraldo Campos Jr., da Agência iNFRA
A usina de Belo Monte iniciou os estudos para identificar se existe alguma área disponível a montante da hidrelétrica para construção de uma nova barragem, que teria como objetivo a formação de um reservatório acumulador de água. A informação foi dada pelo presidente da Norte Energia, Paulo Roberto Pinto, em entrevista a jornalistas.
A ideia, segundo ele, é que essa barragem não tenha máquinas e geradores, mas sirva para formar uma “caixa d’água” da usina principal, acumulando água nos meses de chuvas e a liberando para Belo Monte na temporada de estiagem, permitindo que a usina opere a plena capacidade o ano inteiro, o que hoje é impossível.
“É ter um acumulador de água que possa ser liberado no período em que não há chuva. E essa água vem em direção à barragem atual de Belo Monte e depois será gerada, como se fosse uma extensão do reservatório de Belo Monte. Estamos fazendo essa avaliação, uma espécie de perícia à montante da usina, para identificar se seria possível alguma área que permitisse isso dentro das questões ambientais”, afirmou nesta quarta-feira (23).
A medida, além de assegurar o funcionamento a plena capacidade de Belo Monte, também evitaria que uma eventual mudança no hidrograma da hidrelétrica pelo Ibama possa impactar gravemente a sustentabilidade do empreendimento. “E estaríamos ainda mantendo uma regularidade da vazão para Volta Grande do Xingu para as comunidades da região”, explicou.
“Hoje isso ainda é apenas uma intenção. Depende de existir alguma área viável, não for uma área indígena, ou uma área de pescadores, e que seja possível a gente contornar todas as questões ambientais envolvidas”.
Hidrograma
Paulo Roberto Pinto afirmou que qualquer alteração no hidrograma de Belo Monte seria “inviabilizar o projeto” da usina. Ele lembrou que o assunto foi judicializado pelo Ministério Público do Pará e que a Norte Energia tem ganhado apoio de setores do governo, como o Ministério de Minas e Energia, contra uma mudança que limitasse a capacidade de geração.
O executivo disse ainda acreditar que “a discussão vai chegar a um caminho de consenso, analisando a segurança energética que a usina representa para o Brasil”.
* O repórter viajou à Altamira (PA) à convite da Norte Energia.