Brasil precisa investir R$ 25 bilhões em portos até 2040, informa estudo da CAF

 

Dimmi Amora, da Agência iNFRA

O Brasil terá que investir US$ 6,5 bilhões (R$ 25 bilhões) até 2040 se quiser ficar dotado de infraestrutura portuária adequada às mudanças tecnológicas que virão nos próximos anos, e poder concorrer com nossos vizinhos da América Latina.

É o que conclui recente estudo da CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) Análise de investimentos portuários na América Latina e no Caribe para o horizonte de 2040, que analisou as restrições atuais e as necessidades de aportes de capitais na próximas duas décadas em toda a região, para ampliar a capacidade portuária. Para toda a região, os recursos necessários seriam da ordem de US$ 55 bilhões (R$ 210 bilhões).

Os investimentos no Brasil representam 13% do total previsto para a região, o que é um percentual abaixo de sua participação no setor de contêineres. De acordo com o estudo, com 9,3 milhões de TEUs movimentados, o país tem 20% da carga da América Latina. Não foi medida a participação em outras cargas. México (24%), o Panamá (16%) precisam das maiores aplicações.

Isso se deve ao fato do país ter feito o maior volume investimentos em terminais nas últimas décadas. O trabalho mostra que foram dispendidos recursos de origem privada na ordem de US$ 11,2 bilhões no setor, valor que é superior aos aportes particulares de México, Colômbia, Peru, Chile, Panamá e Argentina juntos.

Com isso, a capacidade dos terminais brasileiros de contêineres, de 16 milhões de TEUs/ano, está acima da demanda prevista e só seria ultrapassada, sem novos investimentos, em 2030. Em 2040, o país necessitaria de ter capacidade para movimentar 24,4 milhões de TEUs/ano e, para isso, teria que fazer os investimentos nos terminais. Seriam necessários US$ 5 bilhões, principalmente nas regiões Sul e Nordeste.

O problema do país, de acordo com o estudo, é de outra ordem: a falta de capacidade para a entrada e saída dos navios devido aos calados muitos baixos para os acessos aos principais portos do país. Enquanto nos principais portos da região já é possível receber navios com capacidade de 16 mil TEUs, o máximo no país são navios de 10,5 mil TEUs.

Um gráfico do estudo mostra que essa era a capacidade máxima dos navios na década de 1990. Já há navios em construção com capacidade para 21 mil TEUs. Por isso, o estudo recomenda fortemente que o país terá que fazer investimentos da ordem de US$ 1,5 bilhão no período no Plano Nacional de Dragagem.

Graneleiros
O trabalho também faz um levantamento sobre a capacidade dos graneleiros, essa mais preocupante. De acordo com o estudo, a oferta atual de 195 milhões de toneladas para movimentação de granéis agrícolas já será insuficiente em 2020. Para 2040, o país deverá ter uma capacidade de movimentação de 450 milhões de toneladas, para uma projeção de crescimento de demanda de 4,6% ao ano.

Segundo o trabalho, os projetos identificados não dão conta da demanda no longo prazo e também há preocupação com os problemas atuais de acesso que prejudicam o setor.

O levantamento será apresentado na segunda-feira (16), na Conferência CAF: Infraestrutura para a Integração da América Latina, que será realizada Madri, Espanha, com a presença de ministros de estado dos países membros do banco.

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