Leila Coimbra, da Agência iNFRA
O colapso dos preços do petróleo no início desta semana refletiu no mercado de GNL (gás natural liquefeito). Os preços do insumo ficaram entre 25% e 30% mais baratos na última segunda-feira (9), caindo para o nível mais baixo em mais de 21 anos, depois que o barril do petróleo perdeu um terço do seu valor.
Essa conjuntura pode favorecer os investidores em projetos termelétricos no Brasil, que contam com um excesso de oferta de gás liquefeito no mercado internacional, e preços em um patamar historicamente mais baixo.
“Estamos numa situação muito favorável, em vista dos preços reduzidos de GNL, e em conjunto com o gás do pré-sal. Esta conjugação permitirá uma expansão sustentável de térmicas flexíveis e inflexíveis, fornecendo a segurança energética e demais serviços necessários na operação do sistema elétrico nacional”, disse o presidente da Abraget (Associação Brasileira de Geração Termelétrica), Xisto Vieira.
Em 30 de abril estão agendados dois leilões de geração térmica, A-4 e A-5 (com entrega da energia para quatro e cinco anos, respectivamente), com uma quantidade grande de ofertantes. Os vencedores do leilão contratarão gás em um cenário mais favorável.
O Goldman Sachs soltou relatório reduzindo as previsões de preços do GNL tipo JKM de US$ 4,60 por milhão de BTU para algo entre US$ 2,40 e US$ 2,70 por milhão de BTU no segundo e no terceiro trimestres de 2020.
“A tendência atual no país e no mundo é fazer uma matriz balanceada entre energia renovável e geração termelétrica”, completou Xisto.
“Shale gas”
Um problema maior para os mercados de gás natural vai depender dos movimentos estratégicos da Rússia em relação ao shale gas, ou gás de xisto, dos EUA. Segundo o Goldman Sachs, se a guerra de preços do petróleo entre Rússia e Arábia Saudita mantiver as cotações em patamares muito baixos, isso também pode significar um impacto na produção de gás dos Estados Unidos.
O banco espera que o excesso de oferta no mercado europeu de gás a valores pouco competitivos exija um fechamento das exportações de GNL dos EUA e, finalmente, um fechamento da produção de gás de Appalachia, grande região produtora americana. Essa era uma tendência já previsível devido ao colapso da demanda chinesa provocado pelo coronavírus. Essa mudança na geopolítica energética ditará os futuros preços do petróleo e do gás natural.