12/12/2024 | 08h26  •  Atualização: 12/12/2024 | 12h34

Eventos climáticos extremos demandarão investimentos expressivos para aumentar resiliência das redes de energia elétrica

da Agência iNFRA

Os eventos climáticos extremos, cada vez mais recorrentes, demandarão investimentos expressivos para preparar e aumentar a resiliência das redes de energia elétrica. No entanto, terá que ser feito de forma equilibrada e buscando o menor impacto tarifário possível.

Esse desafio foi levantado por autoridades do setor elétrico na abertura do encontro “Eventos Climáticos Extremos: Experiência Internacional e Impactos nas Redes de Energia Elétrica”, promovido pela Agência iNFRA e o Instituto Abradee na última quarta-feira (11), em Brasília (DF).

O evento contou com a participação de especialistas brasileiros, além de palestrantes internacionais que expuseram diferentes experiências e pontos de vista sobre o tratamento de questões regulatórias, resiliência das redes e outros desafios diante de eventos climáticos severos. A íntegra do evento está disponível no canal da Agência iNFRA no YouTube.

Adaptação e mitigação

O diretor-geral da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, afirmou que os grandes desafios diante do aumento dos eventos extremos são a adaptação e mitigação, o que passa pela busca de uma resposta mais rápida das empresas de energia após essas ocorrências.

Feitosa lembrou que a agência está com consulta pública aberta até 19 de dezembro sobre aprimoramentos regulatórios para melhorar a resiliência e resposta das redes. “Esse é um desafio no qual a ANEEL tem se debruçado na busca por um caminho sustentável para os subsídios tarifários e estabelecimento de tarifas justas que observem a capacidade de pagamento do consumidor brasileiro”

Para a secretária-executiva adjunta substituta do MME (Ministério de Minas e Energia), Isabela Sales Vieira, embora os eventos extremos sejam inevitáveis, as consequências deles podem ser reduzidas através de um trabalho que envolva todos os ciclos do setor elétrico, desde o planejamento até melhorias tecnológicas, de pessoal e mesmo de comunicação.

Experiência da Flórida

O consultor e ex-vice-presidente da Florida Power, empresa distribuidora de energia nos Estados Unidos, Michael Spoor, relatou que investimentos e planejamento nas redes de distribuição e transmissão levou a um restabelecimento de energia mais rápido pós-eventos climáticos extremos. A região é constantemente atingida por furacões e a empresa precisou traçar uma estratégia para atuação.

Dentre as estratégias adotadas pela companhia, estão investimentos em redes inteligentes, manejo de vegetação próxima às estruturas, manutenção e substituição de postes, além de cuidados com a fundação e infraestrutura subterrânea. Segundo Spoor, antes dos investimentos realizados, a companhia levava cerca de 18 dias para restaurar a energia para os clientes após a passagem de furacões. Recentemente, após a adoção das estratégias, o tempo caiu para cerca de oito dias.

Outro ponto chave destacado pelo palestrante é a comunicação com os consumidores e com as autoridades. “Depois desses eventos, a primeira pergunta do cliente é: ‘Quando eu vou ter energia de novo?’”, destacou. “Mesmo que nenhum cliente goste de ficar sem energia, o que eles mais querem é a informação de quando terão energia de volta para poderem se planejar.”

Segundo o palestrante, nas primeiras 24 horas pós-evento, as companhias se esforçam em dar uma perspectiva a nível nacional sobre o retorno da energia. Após 48 horas, passam a ser divulgados os detalhes por vizinhanças.

Regulação por incentivos

Durante o painel “Impactos, mitigação e recomposição de redes diante de eventos climáticos extremos”, Grant McEachran, diretor de Assuntos Regulatórios da S&C Electric Company, do Reino Unido, disse que há várias formas no mundo de se medir a resiliência nas redes, mas que as entidades de regulação de vários países têm lidado com o tema de forma semelhante.

A regulação por incentivos pode ser o caminho para ajudar no financiamento da mitigação e recomposição de redes de energia diante de eventos climáticos extremos. Trata-se de um modelo que vem sendo adotado em vários países do mundo, como forma de incentivar as empresas a investirem na resiliência das redes e a terem recursos extras para fazer esse enfrentamento.

McEachran citou o exemplo do Reino Unido e da Austrália, onde os órgãos reguladores publicaram orientações e medidas em casos de eventos extremos que afetam o setor elétrico, como a necessidade de planejamento prévio, financiamento dos investimentos em resiliência e reforço na comunicação antes, durante e depois de cada ocorrência.

“Eventos grandes não podem ser previstos, então é importante que as empresas tenham um financiamento adicional quando é preciso para responder. Tem que existir uma combinação do financiamento anterior, para o investimento em resiliência, e um financiamento quando necessário para apoiar os esforços extras das concessionárias depois dos eventos”, afirmou McEachran.

O painel também contou com a participação dos palestrantes Michael Spoor, ex-vice-presidente da Florida Power; Nivalde de Castro, coordenador do Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico/UFRJ); Walmir Freitas, da Unicamp (Universidade de Campinas); e o CEO do Grupo Energisa, Ricardo Botelho.

Arborização e previsão climática

As concessionárias de distribuição de energia elétrica precisam estar inseridas nos debates sobre cidades arborizadas e aumento da acuracidade das previsões climáticas, a fim de conciliar as infraestruturas no ambiente urbano. A conclusão é dos participantes do painel “Desafios e possibilidades para centros urbanos em eventos climáticos extremos”.

Um dos pontos levantados pela vice-presidente de Regulação, Institucional e Sustentabilidade da Neoenergia, Solange Ribeiro, é a necessidade de indicar a atuação de cada ente em momentos de crise: “Não é só o diagnóstico e o planejamento. A gente tem que ir até a questão da solução da crise. Quando a crise se estabelece, como é que entram os vários entes?”.

Rose Hofmann, sócia da Deltainfra Consultoria e consultora legislativa na Câmara dos Deputados, apontou para a necessidade de conciliação das chamadas “infraestruturas cinzas”, de concreto, com as “infraestruturas verdes”, as árvores. No seu entendimento, o momento atual é oportuno para unificar uma política nacional que trate da arborização e determine funções, com obrigações e responsabilidades.

Sérgio Brazolin, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, destacou que a função de manejo arbóreo não cabe às concessionárias, mas que elas podem investir em tecnologias, como automatização de inventários, para indicar à gestão urbana árvores que precisam de atenção. “Onde a gente pode atuar junto? No manejo preventivo. Eu tenho que fazer um plano integrado de manejo preventivo com a prefeitura”, afirmou.

Também presente no painel, o meteorologista Pedro Regoto de Souza, do Climatempo, destacou a necessidade de se investir mais em produção de dados no país a fim de aumentar a acuracidade das previsões. Isso permite um maior preparo das distribuidoras para atuarem em eventos extremos.

A Agência iNFRA vai publicar um boletim especial sobre a cobertura do evento. Caso tenha interesse em receber, inscreva-se em nosso site.

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