Apresentado por Cosan
Com apoio de tecnologia, regulação, investimento e mudança cultural, as cadeias logísticas podem se transformar em diferenciais de competitividade e sustentabilidade para as empresas. Essa foi a principal conclusão do painel “Cadeias Logísticas Sustentáveis: Desafios e Soluções”, realizado no Summit Agenda SP+Verde, em São Paulo.
Representantes do setor público e da iniciativa privada concordaram que a descarbonização logística depende da integração entre os modais rodoviário, ferroviário, marítimo e urbano, formando sistemas mais eficientes e conectados. O debate, moderado por Marcos Azevedo, head de Sustentabilidade da Bravo Serviços Logísticos e diretor de ESG da Abol (Associação Brasileira de Operadores Logísticos), ocorreu às vésperas da COP30 e destacou caminhos para conciliar competitividade, eficiência e redução das emissões de gases de efeito estufa.
Segundo Guilherme Mattos, diretor-executivo da Edge, ainda há amplo espaço para aumentar o uso de energia limpa na logística e no transporte. “O diesel ainda é o combustível mais utilizado no transporte pesado, mas hoje já temos alternativas viáveis e imediatas para reduzir emissões”, afirmou.
Com quase dois anos de operação, a Edge, empresa do grupo Cosan criada para trazer eficiência e flexibilidade ao mercado de gás natural, tem contribuído para essa agenda por meio de investimentos em infraestrutura, como o Terminal de Regaseificação de São Paulo, no Porto de Santos (SP), com capacidade de regaseificação de 14 milhões de metros cúbicos/dia e armazenamento de 173 mil metros cúbicos de GNL (Gás Natural Liquefeito).
“O gás natural, por exemplo, pode substituir o diesel com reduções de até 25% nas emissões de CO₂ e cerca de 90% de materiais particulados. E quando somamos o biometano, esse impacto é ainda maior, ampliando significativamente o potencial de descarbonização do setor”, completou Mattos.
O subsecretário de Logística e Transportes da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, Denis Gerage Amorim, destacou a importância do equilíbrio e da integração de modais para reduzir o impacto ambiental. “Quando fomentamos o transporte hidroviário, conseguimos transportar um volume maior de carga com menos emissão”, disse.
Ele citou o convênio com a USP para desenvolver hidrovias como a Tietê–Paraná e a parceria com a CPTM para ampliar o modal ferroviário dentro do PLI-2050 (Plano de Logística e Investimentos), ao qual se referiu como “espinha dorsal do planejamento do Estado”. Além dos ganhos ambientais, Amorim ressaltou os benefícios econômicos e sociais, como capilaridade, desenvolvimento regional e melhor acesso da população a serviços essenciais, incluindo educação e saúde.
Para o diretor-presidente da Companhia Docas de São Sebastião, Ernesto Sampaio, três pilares sustentam a descarbonização do modal marítimo: adoção de combustíveis alternativos, como metanol verde, gás natural e hidrogênio verde; preparação dos portos para ofertar esses combustíveis; e modernização operacional com digitalização e sistemas automatizados de atracação. “Também passamos a integrar a Associação Brasileira de Descarbonização de Portos, participando de fóruns que discutem soluções inovadoras. Soube, por exemplo, que o Porto de Roterdã classifica os navios de acordo com suas emissões de gases poluentes”, afirmou.
A visão internacional veio de Kristof Waterschoot, diretor-geral do Porto Internacional de Antuérpia-Bruges, que reforçou a importância de expandir a infraestrutura portuária voltada a combustíveis renováveis. “O maior desafio para aumentar o uso de energia verde na navegação é garantir que os portos estejam aptos a entregar e armazenar biometano, amônia e hidrogênio verde. Para isso, precisamos colaborar com países como o Brasil, que tem grande potencial, e com outros que buscam descarbonizar suas matrizes”, concluiu.
