da Agência iNFRA
União Europeia sai na frente
A Comissão Europeia apresentou, em maio, o plano REPowerEU, que visa a reduzir a dependência energética frente à Rússia, principal fornecedor de gás da União Europeia. O país forneceu 45% do total de gás consumido pelo bloco em 2021. Para isso, propuseram-se novos objetivos para 2030. As energias renováveis deverão representar 45% da energia produzida em todo o bloco (atualmente o objetivo é 40%). Há ainda uma proposta para tornar os painéis solares obrigatórios em todos os novos edifícios públicos e comerciais até 2025 e em todas habitações até 2029. Prevê-se que o mercado de hidrogênio verde represente 20 milhões de toneladas em 2030, sendo metade fabricada internamente e metade importada. O porto de Roterdã, na Holanda, torna-se hub estratégico.
Porto de Roterdã e Pecém
Maior terminal da Europa, Roterdã, na Holanda, tem participação acionária de 30% no porto de Pecém (CE), que tem se destacado em ações para incentivar o hidrogênio verde no Brasil. O governo do Ceará já firmou cerca de 20 memorandos de entendimento com empresas que participarão das diversas etapas da produção de hidrogênio. Isso poderá movimentar mais de US$ 10 bilhões em investimentos. A EDP trabalha para concluir até dezembro seu primeiro investimento no Brasil em hidrogênio verde. Em pesquisa e desenvolvimento serão investidos R$ 41,9 milhões na planta da empresa no porto de Pecém, que contempla uma usina solar com capacidade de 3 MW e um módulo eletrolisador para produção do combustível a partir de energia renovável. Isso permitirá a substituição de motores auxiliares que consomem óleos pesados. O projeto deve responder por menos de 10% do consumo total da unidade.
Investimentos bilionários
Estudo da McKinsey (pode ser lido aqui) aponta que o hidrogênio verde contribuirá para a descarbonização da matriz energética mundial e criará uma oportunidade de investimentos de US$ 200 bilhões no Brasil ao longo de 20 anos. Como o Brasil possui uma matriz energética composta por 85% de energia renovável — principalmente hidrelétrica, mas com presença crescente de energia eólica, solar e de biomassa — os investimentos para uma produção de hidrogênio verde nacional poderiam se beneficiar da rede elétrica existente, afinal, 70% do custo de produção do hidrogênio é o custo de energia.
Desafio
O estudo da McKinsey aponta que o grande desafio para o hidrogênio verde ainda é seu transporte. Este pode ser feito de três principais formas: como gás (comprimido, tipicamente), liquefeito ou através de um outro produto químico (um carrier), como amônia ou metanol. A expectativa é que seja desenvolvida uma rede de dutos para transporte de hidrogênio gasoso, especialmente em regiões como a Europa, que deve se tornar um grande mercado. Para transporte em longas distâncias, ou na ausência de infraestrutura estabelecida, a amônia é o método mais maduro e promissor – mas que, de qualquer forma, exige custos e investimentos adicionais para produção da amônia verde a partir do hidrogênio verde e, se necessário, para extração desse hidrogênio no destino (para algumas aplicações, a amônia pode ser utilizada diretamente).
Trunfo brasileiro
O estudo da McKinsey aponta que o Brasil está entre os países mais competitivos para produção de hidrogênio verde no mundo: segundo nosso estudo, o custo nivelado do hidrogênio verde brasileiro ficaria ao redor de ~1,50 USD/kg de H2 em 2030, o que está alinhado às melhores localizações dos EUA, Austrália, Espanha e Arábia Saudita, e ~1,25 USD/kg de H2 em 2040.
Raio-X: Hidrogênio verde
O Brasil está entre os players globais mais competitivos de exportação de hidrogênio verde.
A demanda brasileira de hidrogênio pode chegar a até ~9 milhões de toneladas em 2040.