Lucas Santin, da Agência iNFRA
As expectativas para o período chuvoso deste ano, que vai de novembro até março do próximo ano, estão positivas. É o que disse o presidente do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Luiz Eduardo Barata, em seminário na Câmara dos Deputados na última quinta-feira (24). O executivo foi convidado para falar sobre o nível dos reservatórios de Furnas. Deputados, prefeitos e vereadores de Minas Gerais estavam no evento.
“Os sinais para esta estação chuvosa estão sendo positivos. Os órgãos de clima têm anunciado e nós já temos dados que permitem considerar que nós estamos iniciando o período chuvoso”, disse Barata. “Será um período chuvoso dentro da média na região central do Brasil. Aí estamos falando [das bacias dos rios] Grande, Paranaíba, Tocantins, até mesmo na nascente do São Francisco.”
A chegada das chuvas é necessária para recuperar os reservatórios das hidrelétricas que ao longo dos anos têm se mantido em níveis baixos, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
“Se não chover, sinto dizer, nós não vamos encher [os reservatórios]. Não é possível porque nossas usinas não são reversíveis. Nós não conseguimos mandar água para cima dos reservatórios”, explicou. Além da chuva, disse Barata, é necessário despachar menos usinas de cabeceira, implantadas próximas à nascente do rio.
Despacho de térmicas
Barata comentou que outra possibilidade para poupar reservatórios de hidrelétricas é o despacho de usinas térmicas. O problema neste caso é social, já que a energia termelétrica é mais cara que a hidrelétrica.
“Na hora que gera térmica, a ANEEL [Agência Nacional de Energia Elétrica] aumenta a tarifa e sofre a pressão de todo mundo porque aumentou a tarifa. Então é um jogo de enorme complexidade”, observou.
“Trabalho conjunto”
O uso dos reservatórios para outras funções, além da produção de energia, foi debatido na audiência. Barata acredita que para recuperar os níveis de água do passado é necessária uma solução conjunta. “Nós só vamos resolver essa questão se nós atuarmos como parceria. […] Aqui se falou em piscicultura, em turismo, na utilização de uma hidrovia. É absolutamente possível fazer isso.”
O executivo assegurou aos presentes que esta não era uma posição dele, mas de todo o setor elétrico. “Hoje, a orientação que nós temos do Ministério de Minas e Energia é de trabalhar em absoluta sintonia com os outros usuários da água.”