12/06/2025 | 11h34  •  Atualização: 24/06/2025 | 10h11

Concessionárias testam uso de IA e análise de dados para otimizar operação das rodovias

da Agência iNFRA

A operação rodoviária no Brasil avança para um modelo preditivo, baseado em dados, automação e inteligência artificial, com foco em eficiência, segurança viária e experiência do cliente. Essa foi a principal conclusão do painel “Estradas que antecipam o amanhã”, realizado durante o Rodovias do Futuro 2025, na última semana, em São Paulo. De inteligência artificial a sistemas de telemedicina e pesagem dinâmica, as concessionárias apresentaram projetos que antecipam cenários e buscam mais eficiência, segurança e sustentabilidade na operação das vias.

Durante o painel, o superintendente de Infraestrutura Rodoviária da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Fernando Bezerra, informou que está em fase de elaboração uma resolução para detalhar o modelo “free flow full”, com base na experiência do sandbox regulatório. A agência avalia que a melhoria da eficiência operacional traz ganhos diretos para as concessionárias, por meio da redução de custos, e para os usuários, ao gerar menor emissão de CO₂ e mais fluidez e segurança.

Segundo Fausto Camilotti, diretor de Operações da Motiva, a automatização das praças e os CCOs (Centros de Controle Operacionais) inteligentes fazem parte da transformação vivida pelo setor. “Já temos praças com mais de 50% de passagens por autoatendimento. O ATM traz eficiência, reduz custos e melhora a experiência. É preciso eliminar a cédula de papel no pedágio, que tem impacto direto no caixa e na logística da operação”, comentou. 

O projeto do Rodoanel Norte, administrado pela Via Appia, já incorpora ferramentas de monitoramento integral da malha e identificação automática de eventos, com foco na redução de acidentes por meio da análise de dados. “A área de operações é feita de pessoas, e a segurança é prioridade absoluta. Mas a tecnologia nos ajuda a reduzir acidentes e agir com mais eficiência. Já estamos implantando o HS-WIM (sistema de pesagem em movimento), monitoramento integral da malha e sistemas que automatizam a detecção de eventos”, destacou o diretor de Operações da Via Appia, Diogo Stiebler. 

Na EPR, a inteligência artificial tem sido aplicada para monitorar o atendimento ao usuário e antecipar riscos. “Estamos auditando a qualidade do atendimento da concessionária por IA e queremos aplicar essa tecnologia ao nosso CCO. Também estamos desenvolvendo modelos probabilísticos para que possamos prever locais com maior risco de acidentes e realocar recursos preventivamente e com mais eficiência”, explicou o diretor de Operações do Grupo, Carlo Framarim. 

O diretor-superintendente da EcoRodovias, Matheus Fernandes, destacou resultados já obtidos em iniciativas como a pesagem em movimento. “O HS-WIM revelou sobrepeso em mais de 10% dos veículos, com excesso de carga de até 40 toneladas, o que no modelo tradicional de pesagem acaba não sendo detectado. Isso tem impacto direto na conservação e segurança da via”, disse. O grupo também opera um sistema de telemedicina pré-hospitalar, que permite ao médico iniciar o atendimento à vítima ainda na fase de acionamento da ocorrência, mesmo em trechos com baixa conectividade, por conexão via satélite. 

IA é vetor de transformação nos setores público e privado
A palestra magna do Rodovias do Futuro 2025 reforçou o papel da inteligência artificial como um vetor de transformação nos setores público e privado. Representantes da Microsoft e do Google destacaram que a adoção da IA já é uma realidade no ambiente corporativo e que as empresas mais bem-sucedidas são aquelas que integram tecnologia, cultura e estratégia de forma coordenada.

A vice-presidente de Vendas Corporativas da Microsoft, Andrea Cerqueira, enfatizou a importância da governança para a implantação da inteligência artificial. “Hoje, 75% das pessoas já utilizam IA no trabalho, independentemente da geração. Até 2026, dois terços dos aplicativos terão funcionalidades baseadas em IA. Mas de que forma isso está sendo governado? Precisamos olhar para isso”, ponderou. 

O diretor de engenharia de clientes do Google Cloud no Brasil, Roberto Prado, alertou para o risco do “FOMO” – medo de ficar para trás –, que pode levar a investimentos apressados e equivocados. “A IA só tem sentido quando gera valor para as pessoas e para os negócios, e para isso é necessário ter uma estratégia de dados que impulsione o uso responsável e eficaz da IA”, disse. “São possibilidades infinitas para o setor, como a utilização de dados para antecipar ocorrências meteorológicas e adaptar a operação da rodovia”, completou.

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