Dimmi Amora e Leila Coimbra, da Agência iNFRA
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou durante o encontro da Agência iNFRA em Brasília nesta segunda-feira (5) que está claro que os políticos no entorno do presidente Michel Temer (MBD) estão trabalhando para viabilizar a candidatura do atual mandatário nas eleições de outubro, o que o próprio Temer nega. Maia deverá lançar sua pré-candidatura hoje (8).
“Minha impressão é que se está trabalhando de alguma forma para se construir o ambiente [para a candidatura] até julho para isso. É o que estão sinalizando. Se o presidente está nisso ou não, eu não sei…Ele diz que não. Mas estão trabalhando para isso”, afirmou Maia. O parlamentar confirmou o lançamento de sua pré-candidatura à presidência nesta semana.
Em sua leitura sobre o cenário eleitoral, Maia afirmou que chegou ao fim o que ele chama de “ciclo da Nova República” que trouxe com ele a polarização entre o PT e PSDB. Para Maia, o novo ciclo que se abre inviabiliza uma candidatura de qualquer candidato do PSDB e, por isso, ele está se lançando.
“A rejeição ao PSDB no Brasil, do meu ponto de vista, inviabiliza a vitória de qualquer tucano no segundo turno. E acho que o nosso campo tem que construir uma alternativa. Se nosso campo não criar alternativa, vai ficar entre o Fernando Haddad e o Ciro Gomes”, afirmou Maia que criticou o campo oposto chamando-o de projeto “intervencionista e atrasado”.
“Não acho que a gente tenha que olhar uma eleição aberta como essa e deixar a esquerda, que inclusive no setor de vocês [energia] foi responsável por prejuízos bilionários, por posições equivocadas de interferência na economia, deixar o jogo completamente aberto para que o Ciro Gomes ou alguém do PT vença as eleições”, afirmou o presidente.
Segundo ele, sua posição não é contra o governador de São Paulo e provável candidato à presidência, Geraldo Alckmin, mas pelo partido tucano ser hoje o mais rejeitado do Brasil. Sobre outro candidato do campo governista, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles, Maia afirmou que ele formaria uma boa chapa com Alckmin, mas que tem um problema:
“Pega o mesmo tipo de voto. Um não agrega ao outro. Mas acho que ele não vai ser vice não [Meirelles]. Pelo que sei, ele não quer ser vice”, afirmou o presidente da Câmara.
Sobre o futuro Congresso, Maia afirmou que renovação para a legislatura de 2019 não deverá ser maior do que a atual, que já ficou próxima da casa dos 50%, o que é elevado para padrões mundiais. Segundo ele, isso deve ocorrer pela falta de financiamento privado para campanhas. O presidente da Câmara também aposta no aumento da bancada da bala devido ao tema da violência estar mais presente, e na formação de um novo bloco de direita com representantes de movimentos surgidos após os protestos de 2013.
“Acho que esses movimentos podem eleger uns 15 a 20 deputados que vem com uma agenda muito liberal, o que vai ajudar a gente no plenário da câmara a votar temas. Se eles forem pragmáticos e colocarem em alguns partidos podem eleger um número razoável. Se colocar tudo no partido Novo, o problema de fazer legenda que é muito difícil. Se for bem organizado, vai ter uma boa safra de parlamentares que vão debater a agenda econômica com muito conhecimento. Acho que ajuda muito”, disse Maia ,que tentou dar uma força para trazer o ministro de Minas e Energia Fernando Coelho Filho para seu partido
“Quem sabe?”, afirmou Maia quando Filho foi perguntado se iria para o DEM.