da Agência iNFRA
Estudos do governo apontam que a implantação de um corredor ferroviário entre o Brasil e o Chile pode levar a uma redução de até 25% das exportações e importações brasileiras da região Centro-Oeste para países da Ásia.
Os dados foram apresentados pelo embaixador João Carlos Parkinson de Castro, coordenador de Projetos de Corredores Bioceânicos do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, na última quarta-feira (19), na reunião da CTLog (Câmara Técnica de Logística e Infraestrutura) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O embaixador afirmou que o Paraguai está investindo fortemente no desenvolvimento desse projeto.
Segundo ele, o governo paraguaio lançou um desafio ao Brasil para criar rapidamente uma integração ferroviária na cidade de Ponta Porã (MS), onde há um trecho abandonado da Rumo até Campo Grande, capital do estado. De acordo com Castro, com recursos próprios, os paraguaios já terminaram um primeiro trecho da ferrovia e em breve começam outro.
O embaixador afirmou que o corredor é uma realidade, aprovada pelos presidente de quatro países, e que já está levando investimentos para as regiões por onde vai passar, como terminais portuários e logísticos.
“Queremos usar o corredor para transformar numa plataforma de desenvolvimento local”, disse o embaixador lembrando que o país não pode ficar de costas para a América do Sul e precisa desenvolver políticas que já foram feitas nos EUA, no Canadá, na Europa e na Rússia de interligar oceanos por via terrestre.
Os dados sobre redução de custos de transporte, segundo Castro, foram elaborados pela EPL (Empresa de Planejamento e Logística). Basicamente, a distância entre as principais regiões produtoras do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul para o Chile, a Argentina e o Paraguai caem pela metade.
Além disso, os custos portuários em Antofagasta, no Chile, são mais baixos do que os custos portuários em Santos (SP) ou Paranaguá (PR), de acordo com ele. E, por fim, há uma redução no tempo de viagem entre o Chile e a Ásia em relação aos portos do Atlântico. A apresentação do embaixador, onde estão os dados de redução de custos, está neste link.
Críticas ao corredor
A proposta do corredor foi criticada pelo representante da ABAC (Associação Brasileira de Cabotagem), Luiz Fernando Resano, e outros representantes do setor privado. Segundo ele, não faz sentido empresarial fazer investimentos vultosos para apoiar o desenvolvimento de outros países.
Castro e o presidente da CTLog, Edeon Vaz, ponderaram que a região Centro-Oeste precisa de opções para a sua logística e que a saída pelo Pacífico é uma delas. O embaixador lembrou ainda que a requalificação do corredor pode levar produção do Paraguai também para o Brasil.
Nova Valec
O novo presidente da Valec, Rafael Castello Branco, fez uma apresentação sobre a empresa estatal, apontando para uma mudança no direcionamento da companhia de construtora de ferrovias para algo na linha do desenvolvimento e apoio a projetos e também de apoio à logística do país.
De acordo com ele, a empresa desenvolveu grande expertise no gerenciamento de grandes projetos ferroviários, especialmente em desapropriações e licenciamento ambiental, com mais de cinco mil quilômetros licenciados.
“Há um oceano de trabalho nessa área que pode prestar suporte à construção de ativos e para a estruturação de outros ativos de infraestrutura”, disse Castello.
O presidente da ANUT (Associação Nacional dos Usuários de Transportes) afirmou que é necessário que o governo defina o papel da Valec, já que há atribuições típicas da empresa que hoje estão com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e o DNIT.
Safra de Milho
Na reunião, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apresentou dados sobre a safra brasileira dos próximos anos e apontou que pode haver problemas no abastecimento de milho a partir do fim do ano, o que pode gerar problema para os produtores de proteína animal.
A CTLog criou um grupo de trabalho para analisar o abastecimento do grão principalmente no sul do país. A apresentação está disponível neste link.