da Agência iNFRA
O presidente da CCR, Marco Cauduro, afirmou que os projetos de parceria do governo com a iniciativa privada na área de infraestrutura vão precisar de uma maior coordenação em relação a quantidade e velocidade de apresentação ao mercado.
Líder da maior companhia de concessões do país, ele indicou que o atual mercado brasileiro não teria capacidade de suprir as demandas, indicando inclusive problemas com a cadeia de fornecimento em algumas regiões e de mão de obra, que já está elevando preços.
As afirmações foram feitas durante mesa em que participou, com o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, no Brasil Investment Forum, evento promovido pela Apex-Brasil, em São Paulo, na última quarta-feira (14).
Atualmente, a CCR está focada nos setores de mobilidade urbana, rodovias e aeroportos. Nas duas primeiras áreas, tem ganhado praticamente todos os leilões, alguns sem concorrentes. No caso das rodovias, CCR e EcoRodovias alternaram como vencedoras de todos os leilões de ativos federais de que participaram desde 2015.
Evolução
O CEO da companhia ressaltou durante sua fala que atualmente os contratos estão muito mais evoluídos, citando a “criatividade” e a “boa vontade” do governo em encontrar soluções para os problemas que ocorrem, inclusive o mais recente, de aumento dos preços de insumos. Ele defendeu que isso levou a um aumento da segurança regulatória e jurídica dos contratos e que essa é uma conquista do país que não pode ser perdida.
O ministro Marcelo Sampaio afirmou que, além da segurança jurídica e regulatória, ter uma carteira de projetos com previsibilidade também é visto como elemento fundamental para o avanço do programa de concessões.
Segundo ele, a área já teria pelo menos 47 ativos em estudos para serem leiloados entre 2023 e 2024, sem contar os projetos que ele diz que ainda serão feitos neste ano, como as desestatizações dos portos de Itajaí (SC), São Sebastião (SP) e Santos (SP) e a renovação antecipada da FCA (Ferrovia Centro-Atlântica).
Projetos de Powerpoint
A expectativa dele é entregar ainda em 2022 concessões que têm previstos investimentos de R$ 100 bilhões ao longo do contrato, o que é praticamente o mesmo valor que foi alcançado nos primeiros três anos e três meses de governo. Sampaio defendeu que isso pode ser feito porque o ministério tem um sistema de governança dos projetos que é avançado.
“Nesse 15 anos [trabalhando no ministério], eu vi programas serem administrados por Powerpoint, que é ferramenta sensacional para apresentação, mas não para fazer gestão de projetos de bilhões de reais do pagador de impostos. Hoje, o ministério tem mais de 300 licenças de software project, onde a gente acompanha gráfico, caminho crítico. A gente olha para a agenda com a tecnicidade que ela precisa e que ela merece”, defendeu o ministro.
Descarbonização
Durante o evento, o ministro da Infraestrutura firmou uma parceria de US$ 1,6 milhão em cooperação técnica com o presidente do BID (banco Interamericano de Desenvolvimento), Mauricio Claver-Carone, para apoiar a elaboração de um plano nacional de descarbonização no setor de transporte. A iniciativa será financiada com recursos do Programa de Infraestrutura Sustentável do Reino Unido.
Bolsonaro
Pela manhã, na abertura do evento, que pode ser vista neste link, o presidente Jair Bolsonaro fez um discurso focado em eleições, no qual voltou a duvidar do sistema eleitoral e a atacar, sem citar nomes, integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal). Disse ainda que recebeu informações de que empresários só vão botar dinheiro no Brasil depois das eleições.
Pouco antes, o presidente do BID, Mauricio Claver-Carone, havia feito um discurso otimista, defendendo que os investimentos no Brasil vão crescer e que o banco mapeou 100 áreas que têm oportunidades de negócios no país, diante do novo cenário mundial de restrições para investimentos.