Opinião

Opinião – Financiamento público e privado pode capacitar os governos de economias em desenvolvimento a implementarem iniciativas de infraestrutura

Edson Cedraz*

O financiamento das cidades inteligentes tem desempenhado um papel crucial na facilitação da transformação urbana. Cidades em todo o mundo estão utilizando fontes de financiamento convencionais para projetos de infraestrutura, como fundos públicos provenientes de receitas próprias e transferências intergovernamentais.

Porém, para viabilizar tais iniciativas, é imprescindível a adoção de parcerias público-privadas e modelos de negócios inovadores, a fim de superar os desafios financeiros e garantir que as cidades do futuro sejam genuinamente inteligentes e sustentáveis.

Projetos como este, têm o potencial de modificar positivamente a vida das pessoas, promovendo uma urbanização sustentável, inclusiva e resiliente, onde os benefícios da tecnologia são aproveitados para o bem-estar coletivo da população.

No entanto, por serem complexos, envolvendo múltiplos intervenientes do setor e riscos tecnológicos desconhecidos, exigem que as cidades identifiquem modelos de negócio inovadores, financiamento alternativo e mecanismos de financiamento para tornar viável a entrega de infraestruturas inteligentes.

O relatório “Financiamento de Cidades Inteligentes em Economias em Desenvolvimento”, elaborado pela Deloitte, mostra que os governos ao redor do mundo atualmente gastam cerca de US$ 2,5 trilhões por ano na construção e reparação de infraestrutura essencial.

Os países em desenvolvimento necessitam de um adicional de US$ 1,3 trilhões de investimento público em infraestrutura. Esses montantes não são nem de perto suficientes para atender à demanda atual por transporte, água, energia, saneamento, energia, telecomunicações e outras infraestruturas, especialmente nos países em desenvolvimento.

Embora os orçamentos governamentais tradicionalmente representarem a principal fonte de financiamento de infraestrutura, eles por si só não serão suficientes para atender a essas necessidades.

A participação privada no financiamento de projetos de infraestrutura em economias em desenvolvimento ainda é limitada, portanto os governos, especialmente nas áreas urbanas, provavelmente terão que viabilizar uma série de projetos de infraestrutura financiados pelo setor privado para atender às demandas futuras.

Além disso, as OIDs (Organizações Internacionais de Desenvolvimento) podem auxiliar as cidades fornecendo financiamento com condições favoráveis abaixo do mercado, oferecendo assistência técnica para a elaboração de projetos de investimento privado e aumentando sua capacidade de mobilização.

Contudo, os governos municipais devem analisar e compreender desde o início as opções disponíveis, determinar a estrutura de financiamento para seus projetos de alto impacto e selecionar o modelo de aquisição mais adequado para a implementação.

Cidades de grande porte e alta densidade populacional demandarão investimentos em transporte, abastecimento de água, energia, saneamento, telecomunicações e outros setores afins.

Fatores como o aumento da urbanização, a falta de investimentos adequados em infraestrutura e a escassez de recursos disponíveis estão intensificando a necessidade de aumentar os gastos nessa área, e viabilizar o financiamento privado emerge como uma abordagem para enfrentar essa demanda.

Estas circunstâncias acabam se transformando em riscos agravados para economias em desenvolvimento, devido a condições financeiras mais fracas e menos estáveis. Investidores institucionais enfrentam o desafio adicional de obter uma classificação de crédito necessária para aplicar em projetos específicos.

Diante disso, o financiamento público combinado com a participação do setor privado nestes projetos proporciona uma maior capacidade aos governos municipais em economias em desenvolvimento para implementar suas iniciativas de infraestrutura, uma vez que os métodos tradicionais de financiamento não são suficientes para atender às consideráveis necessidades nesse campo.

Entretanto, o desafio tem sido e continuará sendo o de mitigar os riscos e oferecer um retorno adequado aos investidores privados interessados em fornecer capital de dívida e de capital próprio nessas economias.

Atrair fontes apropriadas de capital do setor privado para um projeto específico requer esforço, inovação e uma compreensão sofisticada dos elementos essenciais do projeto.

Uma abordagem fundamental para resolver esse desafio é a cuidadosa avaliação, tanto por parte dos governos municipais quanto das equipes de projeto, do modelo de negócios do empreendimento, buscando aproximar potenciais financiadores interessados em aspectos específicos desses projetos, alinhados às suas preferências. Outra parte importante da solução envolve as OIDs continuarem a apoiar a expansão do financiamento privado para infraestrutura. Isso pode ser feito por meio da oferta de instrumentos financeiros que o setor privado pode usar como alavancagem, além de garantias contra riscos específicos do projeto.

*Edson Cedraz é sócio-líder para o Setor Público da Deloitte.
As opiniões dos autores não refletem necessariamente o pensamento da Agência iNFRA, sendo de total responsabilidade do autor as informações, juízos de valor e conceitos descritos no texto

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