Leila Coimbra, da Agência iNFRA
As eleições presidenciais de 2018 estão totalmente abertas e prometem ser das mais emblemáticas de todos os tempos. Nas próximas semanas, algumas definições e alianças deverão ser formadas. Enquanto alguns nomes deverão sair da disputa, ou formar coalizões, outros irão se firmar como as principais alternativas e apresentar propostas mais concretas de governo.
A Agência iNFRA irá detalhar os programas de cada candidato, mais precisamente suas ideias para a área de energia, com entrevistas junto às equipes dos candidatos para a área econômica, assim que o cenário for ficando mais definido.
Enquanto esse quadro menos nebuloso não surge, levantamos um resumo geral sobre o que pensam os pré-candidatos com maior relevância*. Apontamos quem são os economistas contratados para construir a plataforma de suas campanhas; o que eles defendem sobre a área de energia, tamanho do estado e privatizações. Leia a seguir:
Jair Bolsonaro (PSL)
Economista: Paulo Guedes
O ex-capitão do Exército ainda não apresentou devidamente seus planos na área econômica, e vive um dilema: tem um histórico estatizante e um discurso nacionalista, mas fechou com o economista Paulo Guedes, um liberal, a coordenação de seu plano econômico, ainda a ser apresentado na campanha eleitoral.
Guedes é um dos fundadores do banco Pactual, e defende a menor participação do estado e a privatização das estatais brasileiras, uma visão econômica diferente do que defendem os militares nacionalistas.
O pré-canditado do PSL ainda não diz publicamente o que defende na área econômica e qual a sua posição em relação às privatizações. Argumenta que ainda estuda todos os pontos.
Ciro Gomes (PDT)
Economistas: Mangabeira Unger, Mauro Benevides Filho e Nelson Marconi
O programa de governo do pré-candidato condena as privatizações da Petrobras e da Eletrobras, pois considera a área de energia estratégica. Também não venderia bancos estatais, mas defende a concessão de estradas e aeroportos.
Ciro Gomes já disse que pode rever o marco regulatório do setor de petróleo e reavaliar os campos leiloados durante o governo de Michel Temer. Ele defende que o BNDES volte a ter perfil de banco de fomento com taxa de juros mais barata.
O trio de economistas do pré-candidato do PDT argumenta que não existe divisão entre estado e mercado, mas que são complementares.
Marina Silva (REDE)
Economistas: André Lara Resende e Eduardo Giannetti
A pré-canditada do Rede é contrária à ideia de vender a Eletrobras, a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Mas diz que não tem “dogma” contra privatizações.
Marina parece tentar aderir à agenda mais liberal, mas o mercado ainda a considera um mistério. Os economistas escolhidos por Marina apontam como pautas urgentes a reforma política e a crise fiscal do país. Lara Resende arquitetou, ao lado de Pérsio Arida, as bases do Plano Real.
Geraldo Alckmin (PSDB)
Economistas: Persio Arida, Edmar Bacha e José Roberto Mendonça de Barros
O programa de governo do tucano prevê uma agenda de reformas e privatizações, semelhantes ao que o governo de Michel Temer anunciou no seu primeiro ano no poder, mas cuja agenda acabou por se frustrar.
Persio Arida já disse em entrevistas que reconhece que as políticas de Michel Temer contribuíram para a economia, mas afirma que a falta de legitimidade política impediu avanços maiores.
De forma geral, Alckmin apoia as privatizações, mas sua postura em relação à Petrobras oscila. E ele diz que não venderia bancos estatais como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Henrique Meirelles (MDB)
Economista: José Márcio Camargo
Meirelles, que também é economista, é outro candidato de defende a continuidade da agenda econômica apresentada por Michel Temer – que acabou por não se concretizar. Afinal, era o ministro da Fazenda do atual governo e o líder da equipe econômica.
O ex-ministro defende as privatizações da Eletrobras e da Petrobras. Mas tem um pouco mais de cautela com relação à venda dos bancos estatais porque, segundo ele, há muita concentração no setor financeiro nacional. Ele acredita que haverá uma evolução gradual de toda economia para uma administração profissional e privada
José Márcio Camargo, que trabalhou na elaboração do programa do MDB Ponte Para o Futuro, em breve apresentará o programa de governo do partido com medidas para o aumento de investimentos nas áreas de saúde, educação e infraestrutura.
Alvaro Dias (Podemos)
Economista: Pedro Malan e Everardo Maciel
O político paranaense em geral apoia a privatização e promete vender 149 empresas estatais. Mas tem uma lista de empresas que ele descreve como estratégicas, como Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, que não seriam vendidas.
Há poucos dias, o ex-ministro da Fazenda de Fernando Henrique Cardoso, Pedro Malan, se uniu à equipe de Álvaro Dias. Mas, segundo Malan, será informalmente, pois ele pretende continuar nos assentos que ocupa nos conselhos de administração de várias empresas.
Por sugestão do ex-ministro da Fazenda de FHC, o economista Everardo Maciel, que foi secretário da Receita Federal durante o governo do PSDB, deverá ser o coordenador da parte econômica da campanha de Dias.
Joao Amoêdo (Novo)
Economista: Gustavo Franco
O pré-candidato do partido Novo é um declarado defensor das privatizações Eletrobras, Petrobras e do Banco do Brasil. Gustavo Franco, que assessora Amoêdo na área econômica, também integrou a equipe do Plano Real e foi filiado ao PSDB.
Franco defende reformas previdenciária e trabalhista “mais ambiciosas”, a abertura maior do país para o capital estrangeiro e a redução da dívida pública.
Flavio Rocha (PRB)
Economista: indefinido
O dono das lojas Riachuelo é outro franco defensor de uma agenda liberal e de um grande programa de privatizações de todas as estatais, passando por Eletrobras, Petrobras, bancos e Correios.
O empresário tem se movimentado para começar a definir uma equipe econômica que assine o seu plano de governo. Ele já conversou com Armínio Fraga, com Paulo Guedes – que é o assessor econômico de Jair Bolsonaro – e ultimamente tem se reunido com Marcos Lisboa, que hoje ocupa a presidência do Insper e já participou do governo Lula.
Lula/Fernando Haddad (PT)
Economista: Márcio Pochmann
O Partido dos Trabalhadores tenta ainda viabilizar a candidatura do ex-presidente Lula, que está preso. Um plano B seria lançar o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Apesar de ainda não ter um nome definido, o PT tem relevância política e seu apoio pode ser decisivo na disputa.
Marcio Pochmann, professor da Unicamp, defende o uso de reservas internacionais para investimentos em infraestrutura e a realização de um referendo para revogar medidas de Temer, como a limitação para gastos do governo e a reforma trabalhista.
Outros economistas da Unicamp, como Luís Gonzaga Belluzzo e Ricardo Carneiro, e os ex-ministros Guido Mantega, Nelson Barbosa e Aloizio Mercadante também estão elaborando a proposta do partido para a área econômica que deverá ser apresentada em agosto.
Segundo aliados de Lula, o plano para a economia deve ser o último a ser formatado dentro do partido, a depender do cenário que se desenhar nos próximos meses.
(*) O pré-candidato Rodrigo Maia não foi listado porque já afirmou que pretende desistir da disputa pela presidência. Outros candidatos com menos de 1% das intenções de votos não foram considerados.