Estudo da CNT (Confederação Nacional do Transporte) constatou que as deficiências estruturais das rodovias, especialmente de sinalização, são determinantes para o aumento e a gravidade dos acidentes, podendo até dobrar o número de fatalidades graves em comparação com estradas adequadas. O trabalho está disponível neste link.
O levantamento avaliou 41.719 quilômetros de 141 rodovias federais pavimentadas e relacionou com os 43.728 acidentes com vítimas e 4.740 mortos registrados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) nestas rodovias, para estabelecer uma comparação entre a qualidade da infraestrutura rodoviária e o número acidentes, .
O resultado revelou que, nos trechos com deficiência de sinalização, o índice de gravidade pode mais do que dobrar se comparados aos trechos com condições consideradas adequadas.
Nos locais em que a pintura da faixa central está desgastada ou é inexistente ocorrem 47,7% do total de acidentes e das mortes identificadas nas 141 rodovias. O percentual de acidentes é mais elevado quando os problemas são com a pintura lateral, concentrando 49,5% dos acidentes e, 53,5% das mortes nas rodovias analisadas.
As ocorrências dos acidentes foram relacionadas a cada uma das características da infraestrutura, de forma independente, podendo assim ser também identificada a ocorrência de dois ou mais problemas no mesmo local em que o acidente aconteceu.
O estudo mostrou ainda que a combinação entre trechos com a sinalização classificada como péssima e estradas com boas condições de pavimentação aumenta o perigo. O número de mortes em acidentes mais do que dobra. Passa de 8,4 para 18,9 mortes a cada 100 acidentes.
No caso do pavimento, a frequência dos acidentes é mais alta nas rodovias que estão em mal estado. Porém, a gravidade é muito maior quando as condições do pavimento estão ótimas, pois os condutores aumentam a velocidade dos veículos em trechos em perfeitas condições, o que amplia a chance de óbitos.
Quando o aspecto analisado é a geometria da via, a quantidade de acidentes é maior quando ela é considerada perfeita. Mas a gravidade dos acidentes aumenta quando o trecho possui um traçado com deficiências.
Soluções
O Brasil investiu no ano passado R$ 7,9 bilhões na infraestrutura, valor insuficiente para resolver os problemas das rodovias. Segundo a CNT, é necessário aumentar os investimentos em manutenção, na adequação das vias, na sinalização e na construção. Também é preciso ampliar e tornar mais eficiente a fiscalização ao longo da malha e capacitar melhor os condutores.
Mas medidas simples e baratas de melhoria da sinalização já ajudariam a reduzir em grande escala o número e a gravidade de acidentes e óbitos nas rodovias.
Prejuízo de R$ 11 bilhões
Os acidentes em rodovias federais custaram R$ 10,7 bilhões aos cofres públicos em 2017. Apesar do número de acidentes ter reduzido 30% de 2007 para 2017, passando de 128.440 para 89.396, a gravidade das ocorrências aumentou na mesma proporção.
Considerando que 61,8% da extensão das rodovias no país apresentam algum tipo de problema de sinalização, pavimento ou de geometria viária, os dados do estudo tornam-se ainda mais preocupantes – segundo a CNT. Além disso, a maioria das rodovias foi construída há mais de 40 anos e não passou por nenhum processo de modernização, destaca o estudo
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