Lais Carregosa*, da Agência iNFRA
Brasil e Paraguai têm a intenção de adicionar novas fontes de geração de energia no tratado de Itaipu, afirmou o diretor-geral brasileiro, Enio Verri, em entrevista a jornalistas na sexta-feira (18). Uma dessas fontes seria a solar flutuante, que tem o potencial de dobrar a da capacidade, adicionando mais 14 GW (gigawatts) de potência com placas solares sobre o lago inundado de Itaipu.
Atualmente, está em execução um projeto-piloto que prevê a instalação das placas na margem paraguaia. A planta de 1 MW (megawatt) de capacidade conta com US$ 850 mil em investimentos e deve ser concluída ainda em 2025. Essa primeira fase deve gerar dados para a expansão do projeto, que depende da anuência dos dois países.
“Há uma expectativa da diretoria, estou me referindo à diretoria brasileira e paraguaia, de que possamos, agora no tratado do Anexo C [parte do acordo de Itaipu que trata das regras de comercialização] e principalmente numa revisão do tratado, ampliar esse escopo. Porque hoje, no tratado de Itaipu, é único para energia hidrelétrica”, afirmou.
O diretor-geral brasileiro destaca, contudo, que a ideia está no “campo das relações internacionais”, que tem “um tempo muito próprio”.
Verri explica que a ideia do projeto é que Itaipu produza em energia solar o que consome internamente. Mas os cálculos da empresa binacional apontam que, ao ocupar 10% da área do lago com placas solares, seria possível gerar 14 GW – a capacidade atual de geração hidrelétrica da usina.
“Nós que somos a diretoria executiva, […] investimos [em inovação]. Agora, quando começar o processo de produção, isso implica que os dois países têm que aceitar o tratado, alterar, aprovar pelos dois congressos, para que possamos transformar isso numa oferta de bens e serviços às populações dos dois países”, disse.
O projeto-piloto conta também com uma área designada para a instalação de baterias. A aquisição e operação do armazenamento, contudo, não faz parte do escopo inicial, embora se vislumbre a possibilidade de adicioná-lo ao projeto.
Além do projeto de solar flutuante, Itaipu desenvolve pesquisas nas áreas de biogás e biometano, hidrogênio verde, baterias e SAF (combustível de aviação sustentável, na sigla em inglês), por meio do Itaipu Parquetec.
Duas turbinas
Há um projeto em estudo pelos países para adicionar mais duas turbinas à usina de Itaipu. A ideia está em estágio inicial, não se sabe qual seria a capacidade ou quando seria viável economicamente, afirma Verri.
“Há um espaço físico, depois do vertedouro, que é possível você ampliar em mais duas unidades. Não chegamos nesse estágio porque a única análise que foi feita é que ali a relação custo-benefício ainda não chegou, não está no equilíbrio ainda. Mas, com a inovação tecnológica, temos capacidade de crescer ainda em 10%. Estamos com 20 unidades [geradoras], podemos ampliar em mais duas unidades”, declarou.
A medida, no entanto, dependeria de aumentar o nível do reservatório em 1 metro para ampliar a capacidade de geração. Isso traria impactos socioambientais relevantes, já que ampliaria a área alagada, destaca Verri.
“Nós temos comunidades, têm efeitos sobre a população. Uma coisa é você construir uma usina na ditadura militar, outra coisa é construir agora. Isso envolve um grande estudo estratégico porque envolve políticas ambientais, sociais, as comunidades que serão atingidas versus a relação de benefícios que isso pode trazer à sociedade”, explicou.
* A repórter viajou à usina a convite de Itaipu








