da Agência iNFRA
Operadora da Malha Sudeste, ferrovia que passa por Minas, Rio de Janeiro e São Paulo, a MRS decidiu criar uma frente de operação na área de hidrovias – MRS Hidrovias – com investimento de R$ 1,5 bilhão ao longo dos próximos anos. A construção de um Terminal Hidrorrodoviário em São Simão (GO) e de um Terminal Multimodal em Pederneira (SP) – preparado para movimentar cargas via hidrovia, ferrovia e rodovia – é parte dos novos planos da empresa, associados ao uso da hidrovia Tietê-Paraná.
O comunicado sobre a implementação do projeto foi divulgado neste domingo (2). A companhia entende que a solução potencializa uma rota estratégica para o escoamento de grãos para exportação: soja, farelo de soja, milho, celulose, entre outros produtos que saem do interior do país, como Goiás e Mato Grosso do Sul. Para as novas operações, a MRS vai comprar e operar comboios formados por empurradores e barcaças, além das locomotivas e vagões alocados ao projeto, entre outros investimentos de suporte.
A decisão da MRS de entrar no ramo hidroviário coincide com a aceleração das obras de derrocamento em Nova Avanhandava, dentro da Tietê-Paraná. Como mostrou a Agência iNFRA, o avanço do empreendimento despertou uma movimentação “intensa”, na avaliação do governo paulista, de empresas interessadas na ampliação de investimentos de terminais intermodais e de explorar mais o potencial do transporte hidroviário. Nos planos da gestão estadual está uma possível concessão da hidrovia futuramente.
“A iniciativa, que prevê investimento total de R$ 1,5 bilhão, faseado ao longo dos próximos anos, consolida o movimento da companhia com foco no crescimento do volume transportado de carga geral e em oferecer soluções multimodais integradas, sustentáveis e eficientes, conectando o Centro-Oeste à ferrovia em Pederneiras (SP), aproximando a produção agrícola brasileira dos portos e do mundo”, afirmou a MRS em comunicado.
A avaliação da companhia é que o corredor São Simão (GO)-Pederneiras (SP) vai ampliar a conectividade logística entre o interior do Brasil e o Porto de Santos. A previsão é que ambos os novos terminais hidroviários iniciem suas operações no 1º trimestre de 2027. Eles terão capacidade inicial para movimentar 2,3 milhões de toneladas por ano, com potencial de expansão de capacidade para 4 milhões de toneladas por ano.
Essas unidades se conectarão pela Tietê-Paraná e, em Pederneiras, a carga encontra a malha ferroviária da Rumo, que desce em direção ao litoral paulista e se liga, em Jundiaí (SP), à ferrovia da MRS, que vai até o Porto de Santos.
Segundo a MRS, o empreendimento contará com equipamentos de alta performance operacional, incluindo píeres de carga e descarga, armazéns, silos, sistemas de carregamento e descarga de barcaças, caminhões e vagões, novas linhas férreas interligadas à malha ferroviária e comboios formados por empurradores e barcaças.
O terminal goiano em São Simão foi adquirido recentemente pela empresa e passará por adequações estruturais e operacionais para que haja uma melhor integração ao modal hidroviário, “garantindo maior eficiência no transbordo e na formação dos comboios”.
A MRS tem como principais acionistas a Vale, a CSN e a Gerdau. A principal operação da concessionária, que teve seu contrato renovado no governo passado, é o transporte de minério entre as regiões de Minas Gerais e os portos do Rio de Janeiro e de São Paulo. No entanto, na renovação da concessão, a empresa indicou a necessidade de mais investimentos para ampliar o transporte de outros tipos de carga, especialmente a chamada carga geral.
‘Eficiência logística’
No comunicado, o presidente da MRS Logística, Guilherme Segalla de Mello, afirmou que essa é a primeira fase do projeto, e que há planos de expansão em análise. “Mais do que apenas ampliar nossa capacidade de transporte, estamos contribuindo para a eficiência da logística nacional. Abrimos fronteiras para levar a excelência da MRS para outros modais de transporte, integrando o Brasil por estradas, trilhos e águas, permitindo que nossos clientes usufruam do melhor que os três modais têm a oferecer por meio de um único fornecedor logístico: a MRS”, declarou.
A estimativa é que o projeto gere cerca de 3,7 mil empregos diretos e indiretos, apenas durante a fase de obras, e 1,2 mil empregos diretos e indiretos perenes na fase de operação. “A MRS também prevê o uso de sistemas automatizados de controle, monitoramento ambiental e supervisão remota das operações, reforçando a segurança, tecnologia e a confiabilidade”, informou. Segundo a operadora logística, a solução multimodal permitirá uma redução de até 71% nas emissões de CO₂ por tonelada transportada, em comparação ao modal rodoviário.








