Leila Coimbra, da Agência iNFRA
O diretor-geral da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), André Pepitone, disse na última terça-feira (17) que existem estudos avaliando a possibilidade de ligação de duas hidrelétricas – Cachoeira Caldeirão e Ferreira Gomes – diretamente na rede da distribuidora CEA como forma de dar mais segurança ao sistema elétrico do Amapá.
As duas usinas ficam no estado atingido pelo apagão, mas a sua geração é escoada em linha de alta tensão de 230 kV e vai para o sistema interligado nacional, sem passar pela rede local. Para a conexão no sistema de distribuição da CEA, seria necessária a construção de uma subestação que convertesse a alta tensão para uma mais baixa, de 69 kV.
Cachoeira Caldeirão tem capacidade de produção de 219 MW (megawatts) e é de propriedade da EDP. Já Ferreira Gomes, de 252 MW, é da Alupar. Ambas usinas ficam no Rio Araguari. O consumo total do Amapá é de cerca de 240 MW.
“Se a energia pudesse ser injetada na rede da CEA, com uma outra subestação, o estado não estaria vivenciando essa situação. É uma aprimoração que precisamos fazer do planejamento”, disse o diretor-geral da ANEEL em audiência pública no Senado para discutir o apagão que assola o Amapá desde o dia 3 de novembro.
Atualmente, apenas a usina de Coaracy Nunes é ligada diretamente na rede de distribuição local, mas, segundo Pepitone, a hidrelétrica não aumentou imediatamente sua geração, como deveria, quando houve o problema com a linha de transmissão que causou o blecaute.
“Quando houve o incidente, a usina de Coaracy Nunes não entrou de imediato respondendo no sistema. Houve um atraso na sua geração e isso está sendo apurado pela agência”, informou.
Custos de geração
Hoje, parte do abastecimento no Amapá está sendo feito por geração térmica a óleo, de forma emergencial, até um limite de 150 MW, por um prazo de até 180 dias. Já foram contratados 120 MW, da estatal Eletronorte. Normalmente esse tipo de produção de energia é a mais cara existente.
Pepitone disse que os estudos para garantir a segurança energética do estado estão levando em consideração os menores custos.
“Isso já está em estudo. A melhor forma, e a menos onerosa, porque tudo tem um custo. A segurança também tem um custo, então temos que ver o que é menos oneroso para o consumidor.”
Diretoria afastada
O juiz federal João Bosco, da 2ª Vara Federal no Amapá, decidiu, nesta quinta-feira (19), pelo afastamento da diretoria da ANEEL e do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) pelo período de 30 dias. A medida, segundo a decisão, foi tomada para evitar eventual interferência que possa atrapalhar as investigações sobre o apagão no estado. Os dois órgãos afirmaram que vão recorrer da decisão.