Leila Coimbra, da Agência iNFRA, de São Paulo
A entrada em operação da usina nuclear de Angra 3, em 2026, desorganizará o mercado e o MRE (Mecanismo de Realocação de Energia) – que controla o despacho centralizado do setor elétrico brasileiro –, se sua energia for contratada como reserva. A afirmação é do presidente do conselho da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), Rui Altieri, no evento Brazil Windpower, na última quarta-feira (29).
Segundo Altieri, uma das alternativas para resolver o problema da energia de reserva seria a transferência desses contratos de maneira escalonada para as distribuidoras.
Eólicas sem MRE
No evento também foi debatida a possibilidade da inclusão da fonte eólica no MRE. Essa medida, no entanto, foi considerada ineficiente pela maior parte dos presentes.
Para o diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Luiz Barata, não há “razão para se criar um mecanismo como esse, seja para fonte eólica, solar, ou até térmicas”, já que o MRE foi criado para fazer o despacho das hidrelétricas, em um contexto em que a matriz era hidrotérmica.
Sandoval Feitosa, diretor da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), também disse não acreditar serem viáveis tais mecanismos para as eólicas.
O secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Cyrino, defendeu que seja reduzida a atuação do MRE já existente, no novo modelo do setor elétrico, e não a criação de um novo mecanismo semelhante para outras fontes.
(A editora viajou a São Paulo a convite da ABEEólica.)