da Agência iNFRA
Mesmo autossuficiente em petróleo, o Brasil ainda importa cerca de 17,4% do QAV (querosene de aviação) que consome. O motivo está na estrutura da cadeia de produção e distribuição do combustível, como mostrou o estudo inédito da Série Especial de Economia – Combustíveis: Caracterização da Cadeia de Produção e Comercialização de Querosene de Aviação no Brasil, divulgado pela CNT.
A dependência das fontes externas para o combustível se dá, em parte, por conta da capacidade de refino nacional, que é limitada. Em 2024, apenas dois grupos econômicos foram responsáveis por 96,6% da produção nacional (5,86 bilhões de litros).
Essa produção exige tecnologia específica e concorre com outros derivados, como óleo diesel e gasolina, que são extraídos das mesmas frações do petróleo na refinaria.
Além disso, há gargalos logísticos para a distribuição do combustível, como a ausência de dutos. Atualmente, apenas os aeroportos de Guarulhos (SP) e Galeão (RJ) estão diretamente conectados às refinarias. Nos demais aeroportos do país, o transporte é feito por caminhões, o que torna o abastecimento mais caro e desafiador.
Esse cenário pesa diretamente sobre as companhias aéreas, já que o combustível representa cerca de 36% de seus custos operacionais, tornando o setor vulnerável à volatilidade de preços internacionais. O documento aponta que o valor do QAV é fortemente impactado por fatores como a variação do preço do petróleo e da taxa de câmbio, além dos custos de refino.
Para reduzir a dependência externa, o país precisa investir em refino, infraestrutura e regulação que estimule a concorrência. A CNT sugere, em seu estudo, uma estratégia voltada a superar os principais desafios com a melhoria na transparência dos preços, o reforço da regulação e o aperfeiçoamento da logística.
Histórico de importações
Segundo o estudo, a maior participação das importações na oferta total do combustível no país ocorreu entre os anos de 2008 e 2016, atingindo o maior percentual em 2010, com 29,3%.
Já entre os anos de 2004 e 2005, o Brasil importou menos, com 2,6% e 7,2% do total de combustível proveniente de importação, respectivamente.








