Opinião
14/11/2025 | 12h47  •  Atualização: 17/11/2025 | 15h00

Caminho do gás no Brasil: a logística invisível que cruza o continente

Foto: Divulgação

Andreia Iazdi* e Lavinia Hollanda**

Pouca gente sabe, mas por trás de cada botijão de gás que chega à casa dos brasileiros existe uma das cadeias logísticas mais complexas, capilares e eficientes do mundo. Trata-se de uma operação silenciosa, que garante energia a praticamente todos os lares do país – com 13 botijões entregues a cada segundo em algum ponto do território nacional.

O percurso começa nas refinarias da Petrobras, localizadas principalmente ao longo da costa do Brasil. De lá, o GLP segue por dutos para as bases primárias das distribuidoras. Nessas estruturas, as distribuidoras assumem a responsabilidade por todas as etapas seguintes: compra e requalificação dos vasilhames, enchimento, pesagem, lacre, embalagem, pintura e preparação para transporte.

A partir daí, o produto se desloca em carretas para as bases secundárias, ampliando sua interiorização. Em seguida, por modal rodoviário, o gás chega às milhares de revendas espalhadas por todos os municípios brasileiros — 100% das cidades do país, garantindo cobertura nacional.

Em localidades mais desafiadoras, como na Região Norte, a logística envolve múltiplos modais, incluindo o transporte fluvial, para que o produto possa chegar com segurança a comunidades remotas. Essa capacidade de adaptação é um dos pilares que tornam o sistema brasileiro uma referência internacional.

Essa não é uma viagem trivial: um botijão cheio pesa cerca de 30 quilos, é um produto altamente inflamável e exige protocolos rigorosos de segurança em cada etapa. Ainda assim, o setor garante a presença do GLP em mais de 90% dos domicílios brasileiros, com tempo médio de entrega inferior a 30 minutos – chegando, em muitos casos, a apenas 15 minutos.

Por trás desse desempenho está uma infraestrutura de escala continental: mais de 130 milhões de botijões em circulação e cerca de 30 milhões de unidades movimentadas por mês, por meio de bases primárias, secundárias, centros de distribuição e uma rede de revendedores sem equivalente em países de dimensões semelhantes.

A comparação internacional ajuda a dimensionar essa conquista. Em países como México e Paraguai, a abertura desordenada do setor levou a insegurança, informalidade e desabastecimento. No Brasil, ao contrário, consolidou-se um sistema robusto, confiável e seguro, que garante que o gás esteja disponível tanto em grandes centros urbanos quanto em comunidades isoladas – com regularidade e previsibilidade.

Essa operação “invisível” é essencial não apenas para a economia, mas também para a vida cotidiana e a identidade brasileira. Ainda assim, costuma ser esquecida nos debates públicos: discutir apenas o preço de saída da Petrobras e o preço final ao consumidor ignora a complexa jornada logística que conecta esses dois pontos e o papel estratégico do setor de distribuição. Olhando para o futuro, o desafio é duplo: ampliar o acesso ao gás para os 17 milhões de domicílios que ainda dependem da lenha e, ao mesmo tempo, avançar para soluções mais limpas e eficientes, alinhadas à transição energética. Nada disso será possível sem reconhecer e fortalecer a infraestrutura logística que, há décadas, garante que o gás chegue com segurança, rapidez e confiabilidade aos lares brasileiros.

*Andreia Iazdi é diretora de Logística da Copa Energia.

**Lavinia Hollanda é diretora de Sustentabilidade, Comunicação e Relações Institucionais da Copa Energia.

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