Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA
A Eneva deve participar ativamente do LRCAP (Leilão de Reserva de Capacidade) voltado a baterias, previsto para abril de 2026. A afirmação é do diretor de marketing, comercialização e novos negócios da companhia, Macelo Lopes, que falou em teleconferência com investidores nesta quarta-feira (12). Segundo Marcelo, a demanda a ser estabelecida para a modalidade nesse primeiro leilão de baterias deve ser “experimental”.
“Já vinhamos estudando alternativas de projetos [com baterias] e devemos participar ativamente, tanto das discussões relacionadas à portaria, quanto do leilão em si”, disse Lopes.
“A gente acredita que deve ser uma demanda experimental, que essa contratação deve ser de um volume não tão significativo, para que se teste essa tecnologia, saber como ela vai interagir dentro do setor elétrico”, continuou o executivo.
A portaria normativa colocada em consulta pública no início da semana prevê empreendimentos participando individualmente ou compartilhando pontos de conexão ao ao SIN (Sistema Interligado Nacional), com contratos de 10 anos e entrada em operação em agosto de 2028. Os requisitos previstos são potência mínima de 30 MW (megawatts), capacidade de descarga de até quatro horas diárias e recarga completa em até seis horas.
LRCAP de março
Sobre o leilão maior, de reserva de capacidade com oito produtos, Lopes voltou a indicar que a Eneva fará uma investida forte por meio de usinas existentes, em busca de recontratação, e projetos novos. Segundo o executivo, a companhia chega a esse leilão com “posicionamento diferenciado” por motivos que vão desde a natureza do portfólio à espaço no balanço financeiro.
“Nossa oferta de capacidade instalada a partir das usinas a gás existentes é da ordem de 1,3 GW. São ativos já disponíveis para contratação a partir de 2026. E nossas usinas a carvão podem oferecer mais 700 megawatts em 2028. Somado a essa capacidade, temos um pipeline de projetos greenfield e brownfield em diferentes níveis de competitividade e maturidade, com possibilidade de entrega de projetos novos a partir de 2028”, disse.
Nas palavras de Lopes, o modelo de negócios verticalizado da Eneva, que combina soluções de suprimento flexíveis (produção de gás próprio ou GNL importado) com infraestrutura de geração própria são uma “vantagem estrutural em termos de custo, prazo e flexibilidade de oferta”. Além disso, ele lembra que a empresa se preparou para o certame comprando equipamentos “críticos” de forma antecipada e mantendo balanço saudável para acomodar novos investimentos.
Futuro e inflação
Lopes disse, ainda, que este não será o último leilão desse tipo, ao citar a demanda por eletricidade puxada pelo crescimento econômico; penetração crescente de fontes renováveis; e escassez de novos projetos hídricos.
Apesar do otimismo, o diretor-presidente da Eneva, Lino Cançado, voltou a relatar dificuldades com a inflação de equipamentos como turbinas. Isso está ligado à explosão da demanda de projetos de data centers, sobretudo nos Estados Unidos, e à substituição de usinas a diesel por geração a gás em países do Oriente Médio.
“Em termos de custo, podemos falar de um aumento da ordem de até 100% nos preços dos equipamentos. Mas, antes mesmo do aumento de custo, as condições comerciais mudaram. No LRCAP de 2021, era possível ganhar um projeto no leilão e depois debater com os fornecedores e até fazer um ‘bid’ entre eles. Hoje vivemos situação completamente oposta. Se você deseja ter equipamento para um projeto, você tem de pagar reserva de espaço em fábrica com antecedência, sem saber se vai ser vencedor no leilão”, relatou Cançado.








