Apresentado por Cosan
Novos setores, como o marítimo, começam a utilizar o etanol brasileiro como combustível, que desponta como uma solução sustentável, inovadora e pronta para a transição energética.
O painel “Etanol: Solução Pronta Para a Descarbonização do Setor de Transportes” trouxe a experiência, ainda em fase de teste, da utilização do etanol como combustível para navegação pela A.P. Moller–Maersk América Latina, operadora logística dinamarquesa com foco no transporte marítimo.
O vice-presidente de Public Affairs da empresa, Danilo Veras, e o diretor de Sustentabilidade da Raízen, do grupo Cosan, André Valente, falaram sobre o assunto na apresentação, no Summit Agenda SP+Verde, evento pré-COP30 promovido pelo governo do estado de São Paulo, na última semana.
Na avaliação dos convidados, o modelo brasileiro de produção sustentável de etanol, reconhecido internacionalmente, é replicável e demonstra como políticas públicas e inovação podem viabilizar uma transição energética eficaz.
Para se ter uma ideia de escala, 80% do etanol brasileiro é oriundo da cana-de-açúcar, e 20%, de milho, majoritariamente segunda-safra, que é feito junto ao plantio de soja. “O etanol e a biomassa de cana são a maior fonte de energia renovável da matriz energética no Brasil, respondendo por 17% da demanda energética total (incluindo não renováveis), à frente da energia hidráulica, solar e eólica”, explicou André Valente, da Raízen, expondo o potencial desse combustível.
Ele ressaltou que todas as fontes renováveis devem ser consideradas porque nenhuma delas é capaz de atender individualmente às demandas dos diversos setores da economia.
Danilo Veras apontou que a necessidade de descarbonização da frota naval adicionou um novo desafio global para a Maersk, considerando que 20% dos custos das empresas de navegação são associados a combustível. Assim, as regionais da companhia, que conta com 760 navios no mundo, foram desafiadas a buscar alternativas para reduzir as emissões. Após uma primeira experiência com metanol verde, a empresa começou a testar o etanol do Brasil, recebido no porto de Roterdã, na Holanda, em uma embarcação cargueira que faz a rota entre Europa e Coreia do Sul.
“O setor marítimo tem escala titânica – um navio consome 10 mil toneladas de combustível por semana”, afirma.
Segundo ele, à medida que a utilização de combustíveis alternativos cresce, é preciso preparar portos para atender essa demanda com planejamento, infraestrutura integrada, tecnologia e estudos de viabilidade operacional, dentro de um ecossistema de sustentabilidade.
Segundo Valente, da Raízen, ainda que o etanol já esteja presente em larga escala em algumas geografias, ainda existem muitas oportunidades para aumentar o seu protagonismo em mercados como aviação, marítimo e químicos – tendo em vista sua capacidade de entregar 80% de redução de emissões e ser mais barato, além de obviamente ter grande volume produzido no Brasil. “Quando se coloca urgência climática para 2030, poucas alternativas têm estrutura e benefícios como o etanol de cana. Além de promover descarbonização, a chegada de uma usina eleva em mil dólares o PIB per capita da cidade-sede”, afirmou o executivo.
Para ele, o modelo brasileiro tem grande potencial para ser replicado em outros países, como a Índia, além de ser utilizado em diversos setores.
Enquanto o etanol de primeira geração é o etanol comum, encontrado em postos de combustível, o de segunda geração é produzido a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar, que são resíduos da produção de primeira geração. “O etanol de segunda geração possui uma pegada de carbono ainda menor do que o etanol de primeira geração e também é considerado uma inovação, com potencial para descarbonizar setores como aviação e marítimo”, afirma o diretor de Sustentabilidade da Raízen.
André Valente lembrou que o Brasil é posicionado como maior produtor mundial de cana-de-açúcar. “A expansão da cana-de açúcar ocorreu em 95% sobre áreas degradadas, e o estigma do desmatamento e de trabalho infantil foi superado. Hoje o plantio é totalmente sustentável e aumenta a qualidade do solo. Há ainda impacto positivo sobre a segurança alimentar, pois a condição socioeconômica das comunidades que participam dessa cultura melhora”, completou.





