Tales Silveira, da Agência iNFRA
O governo do Distrito Federal planeja assinar no mês de outubro um acordo com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) para a construção de um gasoduto que ligará Brasília a São Carlos, no estado de São Paulo, conectando-se com o Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil). As informações foram dadas à Agência iNFRA pelo secretário da SDE-DF (Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal), Ruy Coutinho.
Segundo Coutinho, o Gasoduto Brasil Central é um projeto de 905 km e passará pelo Triângulo Mineiro (MG) e por Goiás, levando gás importado da Bolívia para o Planalto Central. Os números trabalhados pelo GDF (Governo do Distrito Federal) para a obra são de US$ 1 bilhão (equivalente a mais de R$ 4 bilhões).
“Devemos assinar um novo documento com o BNDES em outubro. Entendemos que é um processo longo e espero que ele seja finalizado ainda durante este governo”, disse o secretário.
Gasbol
O Gasoduto Brasil Central transportará pelo Cerrado o gás boliviano. Mas a Petrobras, atual dona do Gasbol, já anunciou que até 2021 colocará à venda a TBG (Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-
“A Bolívia vai ter que negociar com as empresas privadas brasileiras para a construção do gasoduto brasiliense”, informou Coutinho.
Compra pela YPFB
Um dos principais investidores interessados na compra da TBG é a estatal boliviana YPFB, que já é dona do pedaço boliviano do duto. Segundo Coutinho, se a YPFB comprar a TBG, não deve haver problema para a construção do Gasoduto Brasil Central.
“Você vai entregar [o gasoduto] para a Bolívia, mas ele não vai acabar. Mesmo que ele fique com outro país, esse é um ramo interessante para o Brasil e vamos negociar para que o gasoduto até Brasília seja construído.”
Gasmig e CEBGás
Durante a entrevista, o representante da SDE disse que a Gasmig e a CEBGás estariam envolvidas na construção do gasoduto, mas sem explicar exatamente qual seria a relação entre todos os estados envolvidos junto ao BNDES.
“Com Minas seria com a Gasmig, em Goiás teríamos que ver e em Brasília seria com a CEBGás. Fizemos a assinatura de um acordo com o BNDES recentemente onde teremos a modelagem e um valuation real do empreendimento.”
Houve a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica celebrado entre o BNDES e o Distrito Federal no começo de agosto tendo como objetivo realizar planejamentos e estruturação de projetos de desestatização de ativos indicados pelo DF. A modelagem para a criação do gasoduto, por sua vez, entraria nesse Acordo de Cooperação para as desestatizações.
CEB
Mesmo tendo o gasoduto em mente, o carro chefe nas negociações entre o GDF e o BNDES é a CEB. Desde o início do ano, a empresa já vem afirmando que está buscando reinventar sua gestão para tentar recuperar uma dívida que, segundo o último balanço, está na casa de R$ 1 bilhão, advindo da subsidiária CEB Distribuição.
A ideia para solução do rombo apresentada pelo acordo de desestatização é a criação de uma proposta, a ser desenvolvida pelo BNDES, para captação de recursos. A previsão de entrega do relatório com a nova proposta é de 150 dias. Já as minutas dos documentos (edital, contrato e documentação de suporte) terão um prazo de 180 dias após o fornecimento das informações solicitadas pelo BNDES ao DF.
Segundo Coutinho, o BNDES deverá injetar dinheiro para adquirir títulos de dívida da empresa. “O BNDES vai fazer uma relação com a CEB onde ele vai injetando dinheiro e adquirindo debêntures da empresa para que, com isso, ela saia desse buraco de R$ 1 bilhão em que ela está metida. Isso tudo para que ela possa ir para leilão de maneira incentivadora e não como algo que o empresário verá como um buraco sem fim.”