Rafael Bitencourt, da Agência iNFRA
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (4) que considera incluir a exploração de “minerais críticos” na pauta de negociações com a administração Donald Trump sobre a taxação dos produtos brasileiros.
“Em se tratando da maior economia do mundo, o Brasil pode participar mais do comércio bilateral e, sobretudo, de investimentos estratégicos. Nós temos minerais críticos e terras raras, os Estados Unidos não são ricos nesses minerais”, afirmou o ministro, em entrevista à rádio “BandNews”.
Para ele, existem soluções que podem ser buscadas em torno da transição energética. “Podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes, na área tecnológica nós temos muito a aprender, nós temos muito também a ensinar”, disse.
Negociação
A expectativa do ministro é iniciar as conversas com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, para encontrar algum entendimento entre os países. Para Haddad, é possível conciliar interesses entre Brasil e EUA (Estados Unidos).
“Estamos justamente discutindo parcerias com os Estados Unidos da América, sobretudo na questão da transição energética, que nós temos várias coisas comuns – interesse em solar, eólica, em biocombustíveis”, disse o ministro da Fazenda.
Para ele, é possível avançar nas tratativas considerando os EUA como um “parceiro muito tradicional nosso”. Porém, vai ser preciso “separar as coisas”, como as questões que envolvam a soberania e democracia no Brasil.
Críticos ou Estratégicos
Os países classificam como críticos aqueles minerais com risco de escassez, o que pode ameaçar setores estratégicos da economia nacional.
No caso dos EUA, não há disponibilidade de reservas e capacidade de beneficiamento das terras raras – 17 elementos pouco conhecidos da tabela periódica e considerados essenciais para a transição energética e o desenvolvimento de tecnologias de ponta.
Especialistas consideram que as terras raras são minerais estratégicos – assim como o lítio e o nióbio – para o Brasil, dado o potencial das reservas e a possibilidade de colocar o país em posição de destaque no contexto geopolítico. Para a economia brasileira, os minerais críticos são o potássio e o fosfato, em razão da alta dependência da importação para suprir a produção de alimentos.
A China observa de longe a discussão sobre a entrada dos minerais estratégicos em eventual acordo sobre o tarifaço. O gigante asiático está em posição privilegiada porque, ao mesmo tempo em que controla a maior reserva de terras raras, domina as etapas de processamento, que vão da separação dos 17 elementos ao preparo necessário para entregá-los à indústria.








