29/09/2025 | 12h52  •  Atualização: 29/09/2025 | 12h54

Hidrelétricas: Contribuição para modicidade e flexibilidade operativa

Foto: Percio Campos/Agência iNFRA

da Agência iNFRA

Além de contribuir para a flexibilidade na operação do sistema elétrico, as hidrelétricas ajudam a reduzir o preço das tarifas de energia pagas pelos consumidores. O diretor financeiro da Itaipu Binacional e ex-diretor da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), André Pepitone, destacou que atualmente a usina binacional é “uma das energias mais baratas no portfólio das distribuidoras no Brasil”. A afirmação foi feita durante o painel de abertura do evento “O Papel das Hidrelétricas na Transição Energética”, realizado pela Agência iNFRA na última quinta-feira (25) na Casa ParlaMento, em Brasília. Assista à íntegra no YouTube.

Desde que quitou a dívida de sua construção em fevereiro de 2023, o valor da energia produzida em Itaipu caiu consideravelmente, explicou o diretor. Segundo ele, o preço médio de aquisição de energia para as distribuidoras em 2025 é de R$ 307 o MWh, enquanto a energia de Itaipu é vendida a R$ 232, “valor significativamente mais baixo, promovendo modicidade tarifaria”.

Pepitone também ressaltou a importância de valorização dos atributos oferecidos pelas hidrelétricas ao sistema, como a oferta de potência – ou seja, capacidade de manter tensão estabilizada em 220V ou 110V (Volts), e a frequência em 60 Hz (Hertz). Ponto que foi endossado pelo diretor de Operação do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Christiano Vieira, também presente em painel do evento.

“O carro chefe da nossa geração sempre foi a hidreletricidade e tem que continuar. Quando a gente fala de perspectivas futuras, não tem como não reconhecer que, se o ONS precisa de flexibilidade operativa e de armazenamento, a gente percebe que a hidreletricidade tem esses atributos. Ela é essencial para esse atendimento seguro no futuro”, afirmou o diretor do ONS.

Novos investimentos
O reconhecimento dos atributos hídricos tem sido uma prioridade para o MME (Ministério de Minas e Energia), conforme ressaltou o secretário nacional de Energia Elétrica, João Daniel Cascalho, assim como a retomada de investimentos no segmento.

“O ministro Alexandre Silveira tem percebido esse potencial hidrelétrico e tem nos cobrado ações efetivas”, disse Cascalho, citando como exemplo o recém-realizado leilão de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e o produto hidrelétrico prioritário no LRCAP (Leilão de Reserva de Capacidade em Forma de Potência), agendado para o início de 2026.

O presidente da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia), Alexandre Ramos, destacou que “resgatar a geração hidrelétrica no Brasil” é uma decisão acertada e estratégica. “Somos totalmente a favor da diversificação de fontes de geração, mas não podemos nunca esquecer que a geração hidráulica, como geração de base, é um diferencial competitivo histórico do Brasil, bem como da necessidade de avançarmos na regulamentação pra valorização dos atributos dessas centrais hidrelétricas”, disse.

Para ele, é fundamental incentivar a retomada dos investimentos no segmento hidrelétrico, “resgatarmos a engenharia nacional aplicada à área, revitalizarmos nosso parque fabril e voltarmos a valorizar a vocação hídrica do nosso querido país”, disse Ramos.

‘Patrimônio nacional’
Os painelistas também ressaltaram o valor nacional e estratégico das hidrelétricas. O diretor-geral da ANEEL, Sandoval Feitosa, ponderou que “muito além de um patrimônio nacional, elas são um ativo geopolítico na liderança da transição energética global”.

“Todos os grandes conflitos no mundo passaram por dois grandes aspectos. Primeiro, o mais elementar, segurança alimentar. E o segundo, energia. Energia seguramente será o ativo que vai nortear os conflitos e as alianças globais, e o Brasil está em uma posição extremamente estratégica”, enfatizou o diretor-geral, ao colocar a reguladora à disposição para tratar do tema.

Nesse sentido, o presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Thiago Prado, destacou que, na medida em que as usinas hidrelétricas são bens da União, o licenciamento ambiental estratégico, criado pela MP (Medida Provisória) 1.308, pode ser uma saída para a modernização de hidrelétricas existentes e para o desenvolvimento de novos projetos no país.

“Levá-las para um recorte de licenciamento estratégico ajuda a tirá-las do ‘pacote comum’”, declarou durante o evento. A MP em questão criou mecanismo para autorização mais ágil de projetos considerados estratégicos pela União.

Usinas reversíveis
Thiago Prado ainda ressaltou que as hidrelétricas possuem um papel relevante ao se falar em uma economia neutra de carbono, destacando a capacidade de armazenamento de energia, especialmente das usinas reversíveis. Esse modelo de hidrelétrica permite o bombeamento de água de um reservatório principal para outro, que atuaria como uma “caixa d’água reserva”, armazenando a água até que se queira gerar energia.

Segundo o presidente da EPE, durante a atualização do Plano Nacional de Energia 2055, que visa uma matriz energética neutra em carbono, tem-se observado que os modelos computacionais absorvem de forma positiva “tudo que é oferecido em termos de hidreletricidade”. “Um recurso que oferece, além dos atributos muito bem conhecidos, o avanço na tecnologia de armazenamento. (…) Embora a gente fale que a hidrelétrica já é bateria, mas a gente consegue avançar em flexibilidade e armazenamento, especialmente em hidrelétricas reversíveis”, afirmou.

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