Rafael Bitencourt, da Agência iNFRA
A Huawei, gigante chinesa do setor de tecnologia, defende que é melhor construir parcerias com o Brasil no desenvolvimento da cadeia de exploração e beneficiamento dos minerais críticos – aqueles com demanda crescente na transição energética e na indústria de alta tecnologia – em vez de abrir uma disputa de mercado, afirmou nesta quarta-feira (22) Bruno Mininel, gerente comercial da Huawei Digital Power.
“Acho que o Brasil não entra num papel de concorrência. Neste momento, o Brasil poderia entrar com papel de cooperação. Digo isso para a gente conseguir acelerar a transição energética e também a transição tecnológica, e aí absorver conhecimento”, afirmou o executivo, no Invest Mining Summit 2025.
O executivo contou que a Huawei Digital Power foi criada pelo grupo em 2021 pensando no desenvolvimento de linha de produtos voltados para a transição energética. Atualmente, disse ele, essa unidade de negócio responde pelo faturamento anual de US$ 10 bilhões, cerca de 10% do volume contabilizado pela holding global.
A fala do executivo da Huawei veio para responder a pergunta do presidente da Adimb (Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro), Marcos André, sobre como o Brasil deve entrar na corrida pelos minerais críticos considerando a “posição superlativa” da China nos segmentos de mineração, extração, refino, processamento dos bens minerais, com ênfase no comércio de terras raras, de lítio e grafita, e ainda na fabricação de produtos acabados, como ímãs e baterias.
Dentro do jogo geopolítico, a China é acusada de impor guerra de preços aos países que queiram entrar no mercado de terras raras e outros minerais críticos, ora aumentando ora restringindo subitamente a oferta desses produtos.
Mininel avalia que a dificuldade de outros países é justificada pela larga vantagem obtida pela China após anos de investimento para desenvolver a cadeia de produção desses minerais. Isso, segundo ele, não tem relação com estratégia comercial de impor preços artificiais.
“Acho que isso não se deve ao simples fato de [estabelecer] volume e preço. A China, durante décadas, durante as últimas décadas, investiu muito internamente para criar um ecossistema tecnológico sustentável”, ressaltou o executivo da Huawei Digital Power. “A Huawei é um belo exemplo disso. Se pegar alguns dados, a gente vê que a Huawei é a empresa número um em patentes no mundo e ano passado investiu mais de US$ 24 bilhões só na área de P&D [pesquisa e desenvolvimento]”, complementou.








