Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA
A gestora IG4 Capital comunicou ao mercado nesta segunda-feira (15) a compra de R$ 20 bilhões em créditos relativos à dívida da petroquímica Braskem. Esses créditos eram originalmente detidos por cinco bancos (Itaú Unibanco, Santander, Bradesco, Banco do Brasil e BNDES) e foram cedidos à Novonor (ex-Odebrecht) em troca de ações da empresa petroquímica. A Novonor é a controladora da Braskem, com 38,3% do capital total e 50,1% do capital votante, posição que deve passar à IG4.
O movimento aconteceu por meio de um fundo de investimento em direitos creditórios (FDIC) controlado pela IG4 Capital, comandada pelo empresário Paulo Mattos. Essa operação ainda requer aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
“Após a aquisição desses créditos, o FDIC controlado pela IG4 celebrou um acordo vinculante com a NSP Investimentos S.A., veículo do Grupo Novonor e atual acionista controlador da Braskem, pelo qual a NSP se comprometeu a transferir a totalidade de suas ações ordinárias de controle da Braskem para um fundo de investimento (FIP), mediante quitação parcial dos créditos detidos pelo FDIC, sujeito às aprovações regulatórias aplicáveis e às condições usuais de fechamento”, informou a IG4 em fato relevante na manhã desta segunda-feira.
Conforme era comentado nos bastidores, um residual de 4% do capital da Braskem, em ações preferenciais, permanecerá com a Novonor.
Essa operação, em caráter vinculante, tem um período de exclusividade de 60 dias para a celebração de documentação definitiva. O acordo prevê que, dentro desse prazo, a Novonor efetive a transferência do controle acionário da Braskem para o FIP.
Petrobras
“Após a aprovação pelo Cade e por quaisquer outras autoridades competentes, e uma vez concluída a operação, espera-se a celebração de um novo acordo de acionistas entre o FIP e a Petrobras [outra acionista relevante da Braskem] estabelecendo o cocontrole da petroquímica”, menciona a IG4.
A ideia é que seja formalizado um novo acordo de acionistas, com definição de indicações ao conselho de administração e diretoria executiva por parte dos sócios.
Por ora, no entanto, a IG4 informou que a atual equipe de gestão da Braskem e seus assessores “permanecem inalterados, assegurando plena continuidade operacional da companhia”. Em paralelo, afirma a gestora, prepara-se um “plano abrangente de ‘turnaround’ e criação de valor no longo prazo”, que devem ser implementados após o novo acordo de acionistas.
A Petrobras, como já indicou a presidente Magda Chambriard, quer mais influência sobre a gestão da Braskem, sobretudo na parte operacional da empresa e sua diretoria de engenharia. A Petrobras tem hoje cerca de 36% do capital total da Braskem e 47% do capital votante.







