Alexandre Leoratti, da Agência iNFRA
As importadoras de combustíveis devem retomar a importação de diesel entre agosto e setembro. Parte significativa dos players do mercado ainda não fizeram esse tipo de operação neste ano, com exceção das grandes: Petrobras, Raízen, Vibra e Ipiranga. Em entrevista à Agência iNFRA, o presidente da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), Sergio Araujo, disse que as empresas estão mais confiantes de que os preços acompanharão o mercado internacional.
Araujo afirmou que as associadas da Abicom não têm realizado importações do diesel em 2022, principalmente com o histórico recente de preços abaixo da paridade. “Isso inviabilizou as operações”, disse.
Entretanto, ele afirma que, caso seja mantida a atual margem dos preços em relação ao mercado internacional, e sem riscos de artificialidade de preços, as importações do diesel podem voltar a partir de agosto ou setembro. “Além disso, historicamente, a demanda pelo diesel aumenta nesta época do ano em função do escoamento da safra”, afirmou.
O presidente da associação também disse que não é o momento ideal para um reajuste do diesel. “Não é oportuno ainda. Acho que a Petrobras agiu corretamente em não reajustar. É recomendado aguardar para ver como o mercado se comporta. Com o preço um pouco acima da paridade, não há ainda uma segurança para isso”, afirmou.
Redução apenas na gasolina
Na última quinta-feira (28), a Petrobras informou da redução do preço médio de venda de gasolina para as distribuidoras de R$ 3,86 para R$ 3,71 por litro, uma redução de R$ 0,15 por litro. É a segunda diminuição de preço da gasolina no mês. Segundo a empresa, a queda acompanha a evolução dos preços internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina.
Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,81, em média, para R$ 2,70 a cada litro vendido.
Segundo dados da Abicom de quinta-feira (28), a defasagem média da gasolina (R$/L) estava em 2% em relação ao preço internacional. No diesel, o valor é o mesmo.
No dia 19 de julho, a Petrobras já havia anunciado uma redução de R$ 0,20 no preço médio do litro da gasolina nas refinarias. Foi a primeira queda anunciada desde dezembro de 2021.
A diminuição foi feita, segundo a empresa, também como uma forma de acompanhar o preço internacional. Os dois reajustes feitos neste ano aconteceram sob comando do novo presidente, Caio Mário Paes de Andrade, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
A empresa também aprovou uma diretriz que incorpora uma camada adicional de supervisão da execução das políticas de preço pelos conselhos de administração e fiscal, a partir do reporte trimestral da diretoria-executiva, formalizando prática já existente.
Existia uma expectativa do mercado se ocorreria alguma mudança na definição dos preços dos combustíveis, retirando a competência da diretoria-executiva. Isso, em tese, poderia facilitar o reajuste dos preços sem a necessidade de seguir os valores no mercado internacional.
Para Araujo, a Petrobras reafirma que manterá a atual política de preços dos combustíveis. “Destaco também que o comunicado informou que a política da empresa será de maximizar resultado, acompanhar valor de mercado e vender pelo preço máximo possível”, disse. Além disso, ele destacou que a diretoria reforçou ser a favor do programa de desinvestimentos nos ativos de refino.