Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA
O leilão das chamadas áreas não contratadas do pré-sal, realizado pela PPSA (Pré-Sal Petróleo S/A) nesta quarta-feira (4), arrecadou um total de R$ 8,79 bilhões, sendo vencido por Petrobras e Shell, que arremataram dois dos três lotes em jogo, relativos às jazidas compartilhadas de Mero e Atapu, no pré-sal da Bacia de Santos. O resultado veio 40% – ou R$ 5,99 bilhões – abaixo da expectativa de arrecadação inicial do Ministério da Fazenda, de R$ 14,78 bilhões.
Pelo lote de Mero – o maior – Petrobras e Shell ofereceram R$ 7,79 bilhões, ágio de 1,9% com relação ao mínimo exigido no edital, de R$ 7,64 bilhões. Pelo lote de Atapu, as mesmas petroleiras ofereceram R$ 1 bilhão, ágio de 16% ante o mínimo exigido de R$ 863 milhões. O lote da jazida de Tupi, que tinha lance mínimo de R$ 1,69 bilhão, não recebeu propostas.
Trata-se da venda, de forma antecipada, dos volumes de petróleo que pertencem à União por estarem em jazidas já produtivas, mas que ultrapassam os limites de blocos concedidos à iniciativa privada no passado. Estavam em oferta percentuais pequenos, mas com volumes de óleo significativos, das jazidas compartilhadas de Mero (3,5%), Atapu (0,95%) e Tupi (0,83%), localizadas no pré-sal da Bacia de Santos. Até então, as cargas de óleo relativas a essas áreas eram vendidas em lotes para entrega após a produção efetiva. Agora, essa participação remanescente da União nessas estruturas foi vendida integralmente nos casos de Mero e Atapu.
Esse leilão era o pilar do pacote prometido pelo MME (Ministério de Minas e Energia), ainda no ano passado, para ajudar a sanear as contas públicas em 2025 e 2026. Por essa ótica, o resultado frustra o governo. Além da falta de propostas pelo ativo em Tupi, pesou o ágio baixo em Mero.
PPSA
O presidente da PPSA, Luis Fernando Paroli, comemorou a realização do certame, o primeiro organizado pela PPSA nesses termos, e justificou os resultados. Segundo o executivo, na preparação desse leilão, podia-se optar por dois modelos: um com preços mínimos mais conservadores, apostando que a disputa entre ofertantes eleve o patamar da venda; ou um segundo modelo no qual se ajusta os preços mínimos para garantir que são os preços justos o suficiente para os ativos, controlando melhor o resultado, o que, segundo o executivo, teria sido feito pela PPSA.
“Em função das condições deste leilão, onde as operadores têm um conhecimento muito grande do ativo, onde elas têm condição de precificar ele muito bem, e aquelas empresas concorrentes que estão de fora, aquelas sete que se viabilizaram, têm conhecimento um pouco menor, nós optamos pela segunda opção, que foi colocar um preço muito justo, muito apertado mesmo, para que a gente pudesse fazer o leilão. E quando a gente faz isso, corremos o risco que a nossa visão sobre um ativo seja um pouco diferente da visão dos compradores”, disse Paroli.
Vencedores
Ao fim do leilão, executivos de Petrobras e Shell comentaram o resultado. Pela Petrobras, o gerente executivo Bruno Moczydlower afirmou que o resultado ficou em linha com a estratégia de longo prazo da estatal, que prevê a reposição de reservas de óleo e gás, com alta resiliência econômica e ambiental e, nesse caso específico, com baixo risco.
Já o vice-presidente de Relações Corporativas da Shell Brasil, Flávio Rodrigues, disse que o resultado reforça a parceria da petroleira com a Petrobras e com o governo brasileiro, marcando ainda mais o interesse da empresa no país.
“Reforça, também, a nossa estratégia global de alocação de capital de forma disciplinada e focada e que também faz com que a gente possa manter a nossa posição ‘flat’ [estável] nos próximos anos”, disse Rodrigues.
*Reportagem atualizada às 11h10 de quinta-feira (4) para incluir mais informações.








