da Agência iNFRA
O Arco Norte, que reúne os portos da região Norte, teve um crescimento de 12% das exportações em 2010 para 35% em 2024, segundo o novo relatório “Retrato da Logística de Grãos do Brasil“, da nstech, empresa de software para supply chain. O avanço foi impulsionado por investimentos privados e marcos regulatórios, diz o documento, que estima melhora também para o Arco Sul/Sudeste, com novos aportes – no Porto de Santos, os investimentos em infraestrutura rodoviária devem subir de R$ 1,5 bilhão para R$ 2,05 bilhões.
O estudo aponta ainda o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) como polo estratégico em expansão. Dentre esses estados, Bahia, pela exportação de soja, e Maranhão, pelo milho, devem registrar crescimento expressivo.
Ainda que apresente alguns pontos positivos, o relatório, que está em sua primeira edição, mostra que a logística continua sendo um dos maiores gargalos para o agronegócio brasileiro. Mariela Grisotto, especialista em Logística do Agronegócio da nstech, que é coautora do estudo, resume os principais entraves enfrentados pelo setor: “Os desafios são antigos: pouca infraestrutura, predominância de transporte rodoviário e falta de capacidade de armazenagem”.
De acordo com o documento, o modal rodoviário foi responsável por 69% do escoamento de grãos em 2023, enquanto as ferrovias responderam por 22% e as hidrovias por 9%, o que, segundo a nstech, reflete em altos custos de frete, baixa previsibilidade e maior impacto ambiental. Filas em terminais e infraestrutura deficiente levam o agro brasileiro a usar cerca de 70 mil caminhões além do necessário.
Ferrovias e hidrovias
A pequena participação das hidrovias no transporte de grãos recebeu um impulso entre 2010 e 2023 e subiu de 8% para 13%, devido aos investimentos realizados na região Norte e a mudanças regulatórias. O modal, no entanto, continua subutilizado. Já as ferrovias apresentam um quadro mais “discrepante”, segundo o estudo. Para cada quilômetro de linha férrea, há mais de 21 km de rodovia pavimentada no país.
Outro aspecto apontado em relação às ferrovias é o de que apenas um terço da malha está ativa, e concentrada em quatro operadoras. Isso limitaria a concorrência e elevaria os custos. O uso de trens aumentou apenas de 20,1% em 2010 para 22,8% em 2020, embora o volume transportado tenha crescido.
Mas o relatório também registra avanços, como o aumento na participação da Rumo Malha Norte no escoamento de grãos, com o terminal em Rondonópolis (MT), que foi de 24% (em 2010) para 31% (em 2020). A VLI, que opera a Ferrovia Norte-Sul, expandiu o market share de 4,4% para 10,8%.
Regulação
O obstáculo para a navegação por cabotagem é regulatório, o que restringe sua expansão. Os exemplos mostrados pelo estudo são a exigência de embarcações construídas em estaleiros nacionais e a limitação à entrada de novos operadores. O potencial do modal com a modernização das regras que tratam do segmento.
Armazenagem
Outro gargalo importante é a armazenagem. A capacidade para estocar, no Brasil, está entre 60% e 70%, o que pressiona o transporte durante a safra, deixa o frete caro e diminui o poder de negociação dos produtores. A título de comparação, nos Estados Unidos a capacidade de armazenagem é de 150% da produção.
Tecnologia
De acordo com a nstech, além da infraestrutura e da armazenagem, a logística do agro depende de um terceiro pilar: a tecnologia. A companhia, que atua nesta área, afirma que desenvolveu soluções que aumentaram em 40% a capacidade de escoamento em terminais portuários, com ferramentas como sistemas de agendamento, rastreamento e indicadores de desempenho.