Dimmi Amora, da Agência iNFRA
As indicações dadas pelas pesquisas até o momento apontam para um cenário de segundo turno com extremos, à direita e à esquerda, com os candidatos de centro patinando em patamares baixos. E uma forte tendência ao não voto (indecisos, nulos, branco, não votantes). Pesquisas, no entanto são um indicador apenas e, num momento como o atual, não parecem dar pistas muito seguras sobre o que vai ocorrer em outubro.
Há elementos mais concretos a conduzir as análises, deixados pelas duas eleições para governador em estados, Amazonas e Tocantins, realizadas nos últimos 12 meses. Ambas tinham, no momento anterior ao voto, características assemelhadas ao pleito federal: quadro de indefinição no início, candidatos dos polos, alianças partidárias difíceis, uso da máquina, tentativa de entrada de novos players políticos.
E qual foi o comportamento do eleitor no voto, que afinal é o que vale?
Nos dois pleitos, a primeira característica é o não voto elevado, na faixa dos 45%/50%, o que parece ser consenso que vai ocorrer também no pleito presidencial. Outra característica foi que, na hora de decidir, o eleitor optou por posições mais de centro, isolando os polos mais radicais da disputa, e de políticos tradicionais, identificados como mais conservadores. O voto decisivo veio do interior e não das capitais.
Outras características: venceram os pleitos (1o e 2o turnos) candidatos com maior articulação com lideranças locais, máquina e coligações partidárias, ultrapassando no fim os candidatos que despontavam no início, mas que não possuíam essas características.
Há que se levar em conta que Amazonas e Tocantins são eleitorados pequenos comparados ao resto do país e que as eleições regionais têm sempre características próprias. Mas o que ocorreu nesses estados bate com cenários desenhados por renomados especialistas em eleições que apontam que o país não viverá sua primeira eleição da refundação da República, mas a última do que ficou conhecido como Nova República (1985-????).