Marisa Wanzeller e Geraldo Campos Jr., da Agência iNFRA
O PSD conquistou a presidência da CME (Comissão de Minas e Energia) da Câmara dos Deputados, depois de acirrada disputa travada com o PL, partido de oposição ao governo. A comissão será instalada hoje (19), às 10h, e deve ser presidida pelo deputado Diego Andrade (PSD-MG), conterrâneo e aliado do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também do PSD.
Os líderes partidários passaram esta terça-feira (18) reunidos em busca de um consenso para os colegiados permanentes da Casa. O acordo só foi fechado às 21h.
Imposição
O PL sinalizava que não abriria mão da CME e pretendia que a comissão fosse presidida pelo deputado Joaquim Passarinho (PA). A sigla, no entanto, “deu-se por vencida” durante a reunião de líderes, uma vez que foi “imposta” ao PL a Comissão de Agricultura em troca da CME, disseram parlamentares à Agência iNFRA.
“A intenção de manter a CME com o PSD não é para proteger ministros, é para proteger o Alexandre Silveira. O ministério de Agricultura também é do PSD [com o ministro Carlos Fávaro], mas deram a comissão para o PL”, avaliou uma fonte. “Acho que tiveram medo de o Silveira cair.”
Segundo fontes, o ministro Alexandre Silveira trabalhou para que seu partido não perdesse a liderança do colegiado. A percepção era de que isso “dificultaria as coisas” para ele, já que, no Senado Federal, a CI (Comissão de Serviços de Infraestrutura), por onde passam os temas da pasta, está sob controle da oposição, com o senador Marcos Rogério (PL-RO).
O ministro também tinha interesse em manter um mineiro no comando da comissão, o que dá vantagem ao estado na disputa que há no setor de mineração com o Pará, estado do deputado Passarinho.
Negocioções
O PSD tentou fazer um acordo com o PT durante a tarde desta terça-feira. Com a insistência da oposição e a prioridade na ordem de pedidos, o partido queria que o PT abrisse mão da CFFC (Comissão de Fiscalização Financeira e Controle), sua terceira prioridade na ordem de distribuição das comissões, para solicitar a CME e depois cedê-la ao PSD.
Os petistas, no entanto, preferiram manter a CFFC. Isso porque o risco de perdê-la para o PL seria uma desvantagem para o governo, uma vez que a comissão tem o poder de convocar ministros de todas as áreas.
Discordâncias
Fontes disseram que a corrida pela CME levou a atritos internos no PSD porque nem todos os membros do partido concordavam com que Diego Andrade assumisse a posição pela sigla. Deputados do PSD teriam inclusive colaborado com a campanha do PL pela comissão.