Delmo Pinho*
De forma inédita, a Fecomércio RJ vem promovendo rodadas técnicas de acompanhamento das novas concessões de rodovias e aeroportos federais, apresentando estudos e sugestões de melhorias, visando melhorar a infraestrutura e reduzir os custos logísticos do transporte de cargas e passageiros, questões de grande impacto no comércio, nos serviços e no turismo.
Neste contexto, um novo e grave problema está se anunciando com o fim dos tradicionais voos do Rio para Campos (CAW) e Macaé (MEA), operados unicamente pela Azul Linhas Aéreas, com dois voos diários, que partem do Santos Dumont (SDU), nos seguintes horários de segunda a sexta-feira:
SDU 10:30h – Macaé 11h15 – Macaé 12:00h – Campos 12h30, retorno Campos 13h20 – SDU 14h15
SDU 15:45h – Campos 16h45 – Campos 17:30h – Macaé 18h00, retorno Macaé 18h45 – SDU 19h30
São voos bem lucrativos, com bom aproveitamento, invariavelmente com mais de 75% de ocupação e frequentemente com lotação total (100% dos assentos ocupados).
Radical alteração de voos, rotas e frequência
Todavia, a partir do próximo dia 8 de agosto, os voos de Macaé e Campos serão alterados e o norte do estado e a Bacia de Campos vão perder as conexões com a cidade do Rio, e passarão a contar exclusivamente com ligações com Viracopos/Campinas (SP), e nos horários mais esdrúxulos:
VCP 08h30 – Macaé 10h15, retorno Macaé 10h55 – VCP 12h50
VCP 17h05 – Macaé 18h55, retorno Macaé 19h40 – VCP 21h35
VCP 14h05 – Campos 16h00, retorno Campos 16h40 – VCP 18h55
VCP 22h00 – Campos 00h15, retorno Campos 05h30 – VCP 07h45
A estratégia da transferência dos voos de Campos e Macaé é a de aumentar o aproveitamento dos slots ocupados por essas linhas no Santos Dumont, aeroporto superdemandado, trocando linhas que operam com aeronaves ATR 72 (70 passageiros), por outras rotas com aeronaves de maior porte (Emb 195-E2, para 136 passageiros).
Péssimo para o Rio e sua economia que ficam a ver navios, perdendo sua tradicional conexão aérea com Campos e Macaé. Parece bom para a Azul, que, desta forma, aumenta sua presença no Santos Dumont, e também para Viracopos: um aeroporto onde sobram horários e são poucos os passageiros, que assim começará a receber público da nossa região do petróleo.
Trata-se de ação puramente de mercado, que busca concentrar ainda mais passageiros no Santos Dumont, e decorre da falta de ação regulatória da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) e SAC (Secretaria de Aviação Civil), que insistem em não limitar as operações no SDU, que opera acima de sua capacidade.
Os usuários por sua vez, que não têm outra opção, e hoje fazem o trajeto aéreo de 250 km entre Rio e Campos, passarão a ter de percorrer 620 km para ir de Campos a Viracopos, e de lá pegar outro voo de conexão para o Rio, com outros 400km. Hoje uma viagem direta, de uma hora de duração, se transformará em viagem de pelo menos três a quatro horas de duração, além de ter de se fazer uma conexão, e o valor da passagem deverá ser majorado.
De lambuja, fica mais uma má notícia para o já muito enfraquecido Hub Aéreo Internacional do Rio no Galeão, que fica ainda mais distante da missão de ampliar a grade de voos internacionais do Rio.