RS: 470 mil consumidores estão sem energia; 16 linhas de transmissão desligadas e 12 barragens sob pressão

Leila Coimbra, da Agência iNFRA

Diante do cenário de catástrofe provocado pelas chuvas no Rio Grande do Sul nos últimos dias, 470 mil unidades consumidoras do Estado estão sem o fornecimento de energia, segundo dados da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) em boletim divulgado neste domingo (5).
 
De acordo com a agência reguladora, ainda devido às inundações, a subestação Nova Santa Rita foi desligada, deixando fora de operação 16 importantes linhas de transmissão. “Isso fragiliza a conexão entre os sistemas de transmissão e deixa os sistemas remanescentes sobrecarregados e mais suscetíveis a novas contingências que podem levar a cortes de cargas”, informou a ANEEL.

Com o volume recorde de águas nas bacias hidrográficas, 12 barragens hidrelétricas estão sob pressão: duas em nível de emergência, cinco em nível de alerta e mais cinco no nível de atenção.
 
As usinas de Bugres (Barragem Blang e divisa), Canastra, Castro Alves, Furnas do Segredo e Monte Claro estão em nível de atenção, um atrás do nível mais grave, o de emergência (hidrelétricas 14 de julho e Salto Forqueta).
 
A térmica Pampa Sul, que tinha previsão de aumento de sua geração para atender à segurança energética local, teve que ser desligada.
 
Ministro: importação do Uruguai
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, uma das opções para garantir o suprimento no Sul seria a importação de energia do Uruguai. O ministro falou sobre o assunto em entrevista à Globonews na noite da última sexta-feira (3): “Nós tomamos as medidas protocolares, inclusive acionando a medida emergencial de colocar de prontidão o Uruguai, já que nós temos um acordo que, em casos extremos, como esse, eles são acionados, e vice-versa, para poder dar segurança energética àquela região tão sofrida”.
 
Entre as determinações para garantir a segurança energética do local, além da importação de 390 MW (megawatts) do Uruguai, está a transferência parcial de cargas entre subestações.
 
“Cerca de 4 mil técnicos já estão atuando nas áreas onde há viabilidade para o religamento dos serviços de energia elétrica. Muitas áreas estão completamente alagadas, incluindo subestações de energia elétrica, o que impede a atuação das equipes das concessionárias”, diz nota do MME divulgada no sábado (4).
 
ONS: Afluências elevadas
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) projeta afluências elevadas para a semana que vai de 4 a 10 de maio. Os dados do boletim do Programa Mensal da Operação preveem que a ENA (Energia Natural Afluente) ficará em 363% da média de longo termo nesse período.
 
A ENA projetada pelo ONS é maior, inclusive, do que verificado na semana de 27 de abril a 3 de maio, que ficou em 342%. “Na região Sul, a atuação de áreas de instabilidade e a passagem de uma frente fria ocasionam precipitação nas bacias dos rios Jacuí, Uruguai, Iguaçu e do trecho incremental a UHE Itaipu”, diz o ONS no boletim para a semana.
 
Ainda de acordo com operador, as afluências da região Sul devem chegar a 226% da MLT (Média de Longo Termo) até o fim de maio. No Norte, a estimativa é de que cheguem a 109%. No Sudeste/Centro-Oeste, a expectativa é de 65% da média. Para o Nordeste, a perspectiva é que cheguem a 43% da MLT.
 
Segundo uma autoridade do setor, “embora a modelagem de ENA do ONS tenha correlação com a precipitação, não pode ser usada como previsor de chuva”.
 
Para a fonte, as chuvas estão reduzindo no norte do RS. “Deve ainda ocorrer um repique de afluência, mas a tendência é caminhar para recessão nas bacias ali localizadas. Isso significa que parte da chuva da semana passada está se transformando em vazão [indo para o leito dos rios], explicou.
 
“Janela de tempo bom”
Haverá uma “janela de tempo bom” até a terça-feira (7), segundo o CMS (Comando Militar do Sul), mas uma nova frente fria retorna com chuvas na quarta-feira (8), causando queda na temperatura na região. “A instabilidade retorna para todo o Rio Grande do Sul, e podemos ter uma temperatura de até 10ºC, o que pode agravar a situação de pessoas que estão precisando de resgate”, informou o CMS no domingo (5).

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