Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA
A aplicação de tarifa sobre resinas de polietileno importadas de Estados Unidos e Canadá pelo governo brasileiro por pelo menos seis meses, conforme anunciado nesta quarta-feira (27), favorece diretamente a Braskem, maior fabricante do gênero no mercado interno. A companhia é autora do requerimento que originou a investigação de dumping, em novembro do ano passado. E, segundo relatório da XP, deve assistir seu Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização na sigla em inglês) aumentar entre US$ 200 e US$ 250 milhões se a taxa perdurar por um ano inteiro.
“Nossa estimativa pressupõe uma combinação de maior participação de mercado (entre 10 e 15 pontos percentuais a mais na taxa de utilização) e margens mais altas, em cerca de US$ 100 a mais por tonelada. Mas o impacto real dependerá da dinâmica competitiva”, anotam os analistas de óleo, gás e petroquímicos da XP, Regis Cardoso e João Rodrigues.
A Braskem enviou ao mercado um fato relevante dando conta da medida nesta quinta-feira (28) e prometeu atualizações sobre desdobramentos ligados ao tema. A medida é preliminar e o estudo de tarifas permanentes está em curso no âmbito do Gecex/Camex (Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior), com decisão prevista para 2 de fevereiro de 2026.
Por ora, as tarifas visam aplacar margens de dumping absolutas constatadas nessa investigação, de US$ 221 por tonelada para os EUA e de US$ 265 por tonelada para o Canadá. Elas reduzem a margem de dumping relativa de 21% para 2% no caso do Canadá e de 27% para 3% no caso dos EUA.
A XP lembra que as importações americanas e canadenses de polietileno ganharam “quota de mercado substancial” no Brasil nos últimos anos, alcançando mais de 40% do mercado atual ante cerca de 15% em 2020, por exemplo.








