Um ano atrás, a Agência iNFRA publicava o primeiro número do seu Boletim de Notícias Diário, trazendo como principal texto reportagem sobre o Decreto de Portos e as dificuldades identificadas naquele período sobre ele: a das empresas apostarem no país e voltarem a investir, mesmo com a ociosidade do setor na época.
Ao longo desse primeiro ano, nossos jornalistas acompanharam cada passo de uma mudança de cenário no setor de infraestrutura. Se naquela época a pressão por investimentos nos setores de transportes, energia, mobilidade, óleo e gás eram pela necessidade de se gerar mais receita, renda, empregos qualificados e tentar tirar o país da crise econômica, agora essa necessidade ganhou uma nova, e real, urgência: vai faltar infraestrutura.
Em todos os setores que acompanhamos, com boletins diários, análises específicas e outros produtos, já há sinais claros de que, em pouco tempo, ainda que tenhamos um crescimento menor que nossas necessidades, algo na faixa dos 2% ao ano, a infraestrutura do país não deverá dar conta da demanda. No caso dos portos, por exemplo, o país não tem capacidade hoje para suprir uma demanda maior de importação de combustível, por exemplo.
E por qual motivo o país não conseguiu fazer com que, em um ano, os projetos de infraestrutura andassem na velocidade que se desejava? Vasculhando nossos arquivos, com reportagens que condensam as ações de diferentes setores, é possível perceber uma melhor coordenação interna do governo em relação aos projetos e um cuidado maior em sua concepção e debate com a sociedade. Se num primeiro momento isso pode parecer uma trava, a experiência mostra que mais à frente o risco de problemas se reduz.
Nossas conversas frequentes com agentes do mercado e do governo apontam para uma trava na etapa seguinte, a fase política dos processos decisórios. Um governo enfraquecido não tem conseguido reunir as forças necessárias para avançar contra as naturais oposições que aparecem nesse momento, onde há que se decidir quem ganha e quem perde. E essa tendência vem lentamente piorando desde a delação de Joesley Batista, que foi divulgada apenas 10 dias depois do lançamento da Agência iNFRA, que originou a investigação do Decreto dos Portos.
Para o segundo ano da Agência iNFRA, nosso desejo é que o país consiga buscar pontos mínimos de convergência para avançar no que for possível nesses momentos finais deste ciclo de governo, antes que seja tarde. Tivemos na década passada algumas lições relativas a demandas não atendidas por falta de infraestrutura que nos custaram caro (e custam até hoje).
A velocidade de desenvolvimento de novas tecnologias poderá fazer com que o preço que temos a pagar pela demora em avançar com a infraestrutura seja caro demais para ser suportado por uma sociedade ainda tão desigual.