Sheyla Santos, da Agência iNFRA
A construção da chamada aerotrópole no entorno do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro, ganhou novo capítulo no último dia 15, quando a prefeitura da cidade e a Zaez (Zona Econômica do Aeroporto de Zhengzhou), da China, firmaram acordo de cooperação para implantação do polo de desenvolvimento econômico na região. A parceria foi firmada no âmbito do U20 (Urban 20), iniciativa do G20 que reúne prefeitos de grandes cidades.
O acordo entre as duas cidades tem como metas a criação de grupos de trabalho e de programas cooperativos para troca de informações e promoção de investimentos, e prevê uma abertura, nos próximos anos, de novas rotas aéreas tanto de passageiros como de cargas entre o Rio e Zhengzhou.
Segundo André Bendavit, que é responsável pelo início do projeto da aerotrópole na cidade do Rio e está à frente do empreendimento comercial ao redor do sítio aeroportuário chamado “Aldeya Life Park”, a parceria entre Brasil e China tem como objetivo fortalecer a infraestrutura urbana, atrair investimentos e aperfeiçoar as competências de mão-de-obra.
À Agência iNFRA, Bendavit disse que a ideia da parceria é obter as melhores práticas com a cidade chinesa que hospeda a maior aerotrópole do mundo, com aproximadamente 700 mil km². O executivo explica que o conceito de aerotrópole foi criado pelo acadêmico americano John Kasarda, também convidado para o U20, evento onde Bendavit apresentou o projeto de “airport city”, cidade aeroporto, em tradução livre (íntegra da apresentação em inglês aqui).
Sob a lógica de Kasarda, Bendavit explica que a cidade aeroporto é desenvolvida nos limites do sítio aeroportuário e é considerada a espinha-dorsal do conceito de aerotrópole. “A gente está propondo o início dela [da aerotrópole], a aerocity”, disse.
Área pode crescer para 25 hectares
Segundo o executivo, o projeto em andamento no Rio visa atrair indústrias de alta tecnologia, centros de pesquisa e inovação, serviços de transporte e logística. Iniciado em 2019, o espaço da aerocity conta hoje com alguns empreendimentos comerciais, incluindo uma universidade.
“A gente veio trabalhando junto com a RIOgaleão, que é a concessionária que administra o aeroporto internacional, primeiro garantindo uma área para desenvolvimento. A gente começou com 20 mil m² e hoje a gente tem 150 mil m². São 15 hectares. E já há negociação de expansão para mais de 25 hectares para uma área industrial”, conta.
Ligação pela Baía de Guanabara
O projeto encabeçado por Bendavit faz parte de uma série de iniciativas de valorização do Galeão, como a transferência de voos do Santos Dumont para o terminal e um projeto de conexão aquaviária entre os dois terminais.
O terminal internacional da cidade vinha passando por um esvaziamento desde a pandemia de Covid-19 por ter perdido voos para outras cidades do país. Numa disputa entre os governos locais e o federal, foram impostas em 2023 restrições para a operação do Aeroporto Santos Dumont que vêm levando a uma ampliação dos voos no Galeão.
A Prefeitura do Rio publicou, neste ano, editais de licitação de concessão para “implantação, operação e manutenção do sistema de transporte aquaviário de passageiros” visando essa ligação.
“A prefeitura já abriu uma licitação pública para exploração comercial desse trajeto, desse transporte aquaviário. A licitação ficou aberta e alguns grupos pediram uma postergação”, relembrou o executivo.