da Agência iNFRA
Mesmo sendo seletivo na entrada em novos projetos de infraestrutura e com uma carteira robusta de grandes projetos contratada nos últimos anos, o cenário para o ano de 2025 é de preocupação, disse o diretor-presidente da Marquise Infraestrutura, Renan Carvalho, em entrevista à Agência iNFRA.
Juros e dólar altos e indefinição sobre o orçamento federal para a área de infraestrutura são apontados como as principais preocupações do diretor da empresa para o ano que chega. “São situações que acendem a luz amarela para a gente em relação ao olhar para o futuro”, disse Renan Carvalho.
A Marquise tem sede no Ceará e tem lá hoje um dos principais projetos de construção em execução no país, a Ferrovia Transnordestina, trecho entre o Piauí e o Ceará. Segundo o diretor, são mais de 2 mil empregados na obra e 500 máquinas de linha amarela em atividade em 200 quilômetros de ferrovias.
Nessa obra, a empresa presta serviços para a concessionária Transnordestina Logística e vê que, após solucionados os problemas de financiamento, o empreendimento iniciado no começo da década de 2000 tem chances efetivas de operar nos próximos anos.
Em outras áreas, a Marquise é concessionária, como no caso do primeiro grande projeto de dessalinização de água no país, a Desal de Fortaleza (CE). Nos últimos anos, a companhia enfrentou problemas para iniciar a execução do contrato, causados por um conflito com a área de telefonia, que era contra a localização prevista para a unidade.
Segundo Renan, foi feito um acordo para uma nova localização, o que faz com que seja possível iniciar o empreendimento neste ano. Mas agora a preocupação é com a alta do dólar, já que há muitos equipamentos importados, e com os juros elevados.
Em outros estados, a empresa também avançou em projetos como a construção dos BRTs de Belém (PA) e de Brasília (DF). Também está na construção de duas barragens para a Sabesp, a companhia de abastecimento de água de São Paulo, na região de Campinas.
“Engenharia de profundidade”
Renan diz que já há algum tempo a empresa tem sido seletiva na escolha dos projetos e que “quando um projeto tem dúvida demais e que não cabe uma engenharia que a gente possa fazer com mais profundidade, a gente prefere nem ir”.
“Talvez nem seja em quantidade tantos projetos, mas são projetos fortes firmes”, explicou o diretor, indicando a necessidade de nos próximos anos ser ainda mais seletivo devido ao contexto econômico.
No caso das contratações diretas pelo poder público, Renan aponta ainda a indefinição sobre o orçamento público federal para investimentos nos próximos anos, sem garantia de que os recursos previstos para o Novo PAC vão seguir como inicialmente anunciado, e também sobre a interpretação da nova Lei de Licitações.
“Mesmo com toda essa seletividade, aqui e acolá ainda se depara com alguma questão de entendimento da nova lei. Ainda não estão hiperconsolidados e a gente tem umas diferenças de compreensão, o que não deixa de ser um risco para o negócio”, explicou.