Marisa Wanzeller, da Agência iNFRA*
A Neoenergia lançou, no último sábado (8), as obras da usina fotovoltaica Noronha Verde, com a qual pretende alterar a matriz energética da ilha de Fernando de Noronha (PE), atualmente composta por 95% de geração térmica a diesel e 5% solar. Com um investimento de R$ 350 milhões, o empreendimento trata de uma planta com capacidade instalada de 22 MWp (megawatt-pico), combinada com um sistema de baterias com potencial de armazenamento de 49 MWh (megawatt-hora).
O CEO da Neoenergia Brasil, Eduardo Capelastegui, explicou que “durante o dia, a usina solar fornecerá a energia necessária para o consumo instantâneo da ilha e para carregar as baterias. Enquanto durante a noite, as baterias, previamente carregadas, fornecerão a energia para o consumo noturno”. Segundo o executivo, o projeto irá reduzir em 10% o custo da geração de energia em Noronha.
A demanda de consumo energético da ilha é de 4,5 MW (megawatts), podendo variar até 6,5 MW em períodos de alta temporada, quando muitos turistas se deslocam até o local, conforme dados fornecidos pela distribuidora. Com o lançamento da nova usina, a expectativa é zerar a emissão de CO2 para a geração de energia em Fernando de Noronha.
A entrega ocorrerá em duas fases, sendo a primeira em maio de 2026 e a segunda no primeiro semestre de 2027. Após esse período, a UTE (Usina Termelétrica) Tubarão (4,98 MW) será mantida apenas como backup, para atender em eventuais intercorrências ou pausas programadas.
Renovação da concessão
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), afirmou em discurso que a decisão do governo federal de renovar a concessão da distribuidora no estado permitiu que o investimento ocorresse.
A Neoenergia aguarda avaliação da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) quanto aos pedidos de renovação de outras três concessões, na Bahia, em São Paulo e no Rio Grande do Norte. Segundo o CEO, a companhia cumpre 100% dos indicadores de qualidade e econômico-financeiros previstos no Decreto 12.068/2024, que estabelece as diretrizes para os contratos. “Nossas três concessões cumprem os critérios do decreto e estamos tranquilos quanto a isso”, disse à imprensa.
Transição energética
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participou da cerimônia de lançamento do projeto, que ocorreu às vésperas da COP30. Na ocasião, ele informou que o governo pretende criar um fundo nacional para financiar a transição energética. Segundo Silveira, as fontes de financiamento podem vir de minerais críticos e estratégicos e do petróleo.
“O presidente Lula ontem deu ao mundo uma nova notícia. A notícia de que eu e a ministra Marina Silva [do Meio Ambiente] vamos levar ao CNPE [Conselho Nacional de Política Energética] a criação de um modelo de um fundo nacional de transição energética para poder acelerar a transição energética”, disse. A próxima reunião do CNPE está agendada para dezembro deste ano.
Silveira também afirmou que o LRCAP (Leilão de Reserva de Capacidade em forma de Potência) previsto para março de 2026 será o último a contratar termelétricas a óleo. “Quem tem térmica a óleo, térmica a carvão e outras térmicas pode mudar essa matriz”, afirmou.
*A repórter viajou a Fernando de Noronha a convite da Neoenergia.








