Rodrigo Zuquim, da Agência iNFRA
O acesso ferroviário foi o ponto mais questionado na audiência pública sobre as áreas que serão leiloadas no Porto de Santos destinadas à movimentação de celulose.
A ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) realizou na última sexta-feira (25) a audiência pública 9/2019, para a realização dos leilões das áreas STS 14 e STS 14A, localizadas na região da Ponta da Praia, em Santos (SP), e parte da carteira de projetos do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos).
Regis Prunzel, representante do TES (Terminal Exportador de Santos), apontou dificuldades no acesso e a necessidade de se equacionar os conflitos relacionados à Margem Direita do porto para que o trem possa chegar no seu destino. Segundo Prunzel, as linhas atuais já estão saturadas.
Para Flávio da Rocha Costa, da Eldorado Brasil, fabricante de celulose interessada nas áreas, é preciso esclarecer qual segurança a empresa terá para investir e ter o armazém e a estrutura prontos para receber os trens.
Na mesma direção manifestou-se Leonardo Ribeiro, representante da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários), para quem a questão a respeito da melhoria da malha ferroviária é urgente. A preocupação maior, segundo Ribeiro, é saber se os terminais conseguirão atender toda a demanda com o sistema ferroviário que existe.
A advogada da FIEMT (Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso) Monicke Sant’Anna Arruda qualificou a malha ferroviária como deficitária, e o diretor de Supply Chain da produtora de celulose Bracell, Alberto Pagano, definiu-a como “fator preocupante”.
As manifestações foram bem acolhidas pela mesa diretora, integrada por representantes do Ministério da Infraestrutura, da ANTAQ, da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) e da EPL (Empresa de Planejamento e Logística). O coordenador de Portos da EPL, Fernando Corrêa dos Santos, afirmou que os aspectos técnicos sobre a modelagem ferroviária estão em discussão e serão resolvidos.
Área da Libra
Os terminais STS 14 e STS 14A compõem a área em que estava localizado o terminal de contêineres da Libra, cujo contrato foi extinto por determinação do TCU (Tribunal de Contas da União).
As áreas têm, respectivamente, 31.018 m² e 34.975 m², e capacidade de armazenamento de 97 mil toneladas e 125 mil toneladas de celulose, com necessidade de investimentos de R$ 133,9 milhões e R$ 145,9 milhões. Ambas serão atendidas por três berços de atracação contíguos, além de contar com conexões rodoviárias e ter acesso às linhas férreas do porto.
Os editais devem ser lançados no primeiro trimestre de 2020, e os leilões, no segundo trimestre, de acordo com o cronograma do PPI. As informações e documentações referentes à audiência pública 9/2019 podem ser acessadas neste link.