Líderes de paralisações de caminhoneiros de 2018 anunciam encontro para definição de pauta única

Tales Silveira, da Agência iNFRA

Líderes dos caminhoneiros responsáveis pelas paralisações de 2018 repudiaram a tentativa de locaute realizada nos últimos dias, comandada por empresas com caminhões para transporte de mercadorias. Eles também anunciaram a realização de um encontro para definição de pauta única da categoria.

De acordo com o presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), Wallace Landim, o locaute não possui uma pauta e atingiu a credibilidade dos caminhoneiros na conquista das reivindicações reais para a categoria. Ele anunciou que haverá um encontro entre lideranças da categoria no próximo dia 18.

“Essas paralisações que não possuem pauta só atrapalham a busca de reivindicações legítimas da categoria. Tentamos conversar com as lideranças desses movimentos e eles não quiseram dialogar conosco. Mas teremos um encontro no dia 18 onde teremos representantes de líderes de diversos estados. Aí sim mostraremos que somos unidos e temos uma pauta de verdade”, disse à Agência iNFRA.

A fala de Landim foi corroborada pelo diretor financeiro da CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas), Luis Fernando Galvão. Segundo ele, os movimentos não representam a categoria e a reunião do dia 18 definirá uma pauta única para os transportadores rodoviários de carga.

“Sou um dos responsáveis por esse encontro e lá definiremos a nossa pauta única em prol da categoria. Aí sim mostraremos união, diferentemente dessa paralisação antidemocrática que estamos vendo nestes últimos dias”, disse.

Notas de associações
Os movimentos de locaute também foram criticados pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), que divulgou nota na quinta-feira (9) na qual informou que não apoia nenhum tipo de paralisação e que reafirma o compromisso do setor transportador com a sociedade e com o inegociável direito de ir e vir. “A CNT também esclarece que desconhece o teor da pauta desses profissionais”, diz o texto.

A ABTLP (Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos) manifestou “total repúdio a estes movimentos de interrupção de vias que causam graves prejuízos à circulação de mercadorias de toda ordem necessárias ao abastecimento logístico da sociedade, respeitando os direitos individuais desde que essas ações não impactem no direito de ir e vir”.

As duas associações ressaltaram os prejuízos econômicos que movimentos como o locaute tentado nos últimos dias podem trazer para toda a sociedade.

Carta do presidente
Na tarde de quinta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro publicou intitulada “Declaração à Nação”. Escreveu que às vezes fala “no calor do momento” e que nunca teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”.

No documento, Bolsonaro cita nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, principal alvo dos ataques da última terça-feira (7). A carta foi publicada depois de encontro de Bolsonaro com o ex-presidente Michel Temer, cujo governo sofreu uma paralisação de caminhoneiros em 2018.

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