Agnaldo Brito*
Processos, protocolos, governança da comunicação. Dê o nome que desejar, pois quaisquer dos modelos de organização de um time de comunicação dependerá de uma cultura corporativa que inspire e que seja capaz de entender as mudanças de percepções, os novos cenários e objetivos, considerando o que passamos a denominar, entre os inúmeros jargões em inglês de nossa área, de mindset.
A mentalidade de nosso tempo tem nos impingido uma série de complexos desafios, que se impõem nos espaços organizacionais da nova comunicação corporativa, e num tempo disruptivo, no qual eventos inesperados podem alterar planejamentos e objetivos em curto prazo.
Sem saber exatamente o que fazer – e por vezes agindo por impulso ou intuição – há sempre aqueles que acham que basta ter uma ideia criativa para a solução de um desafio. Sem dúvida que a criatividade pode trazer soluções inovadoras, mas até ela precisa estar sob uma ordem racional, previamente pensada e estruturada.
Entramos assim no campo estratégico, momento que antecede à organização tática, e a posterior – a operacional –, tudo para estruturarmos ações de comunicação que serão empreendidas para que tomemos ciência sobre quais comunidades e territórios podemos dialogar e nos expor. Essa reflexão pode parecer apenas teoria, mas é mais do que isso – é metodologia de trabalho, uma organização fundamental para uma ação da comunicação que busca atender às expectativas dos negócios.
Daí a relevância em se organizar processos, protocolos e uma governança da comunicação que possa, de fato, receber esse nome. O apego à metodologia – construída passo a passo, com meticulosa atenção – oferece algo adicional para as companhias, e muitas delas têm compreendido até onde pode chegar a comunicação corporativa profissional. E aí está a novidade deste momento.
Consultorias de comunicação atentas estão percebendo o poder desse processo e dessa demanda, e como a organização e o uso correto das ferramentas, instrumentos e de talentos têm capacidade de modernizar e reorganizar a gestão da comunicação das empresas, o que vai refletir na imagem e na reputação de um projeto, sobretudo no mundo da infraestrutura. Já tratamos neste espaço sobre os desafios da comunicação no mundo da infraestrutura, como o diálogo amplo e transparente é a chave para a conquista dos públicos de interesse – que, não raro, possuem resistências ao empreendimento.
Pensadas dessa forma, de maneira menos reativa e mais proativa, a área de comunicação passa a ocupar uma posição mais estratégica dentro das organizações, apoiando áreas-chave para que seja possível estruturar melhor e de forma mais eficiente seus territórios, dimensões, atributos e narrativas, e organizando-os de maneira a construir um discurso, um argumento, um posicionamento, com transparência, autenticidade, integridade e empatia. De alguma forma estamos falando da mudança do centro de gravidade da comunicação, trazendo-a para um lugar novo, mais estratégico e menos reativo.
Esses processos novos devem estar na comunicação corporativa, mas também devem estar nas áreas de relações institucionais, relações governamentais, relações com investidores, na organização e na construção de relatos que darão materialidade àquilo que as companhias buscam dar concretude, dar métricas, KPIs e objetivos claros, visíveis e transparentes – como a agenda ESG, por exemplo.
Pensar as várias possibilidades da comunicação corporativa, entendendo os desafios que estão postos em um ano eleitoral na perspectiva interna e, infelizmente, de guerra no cenário internacional, é sem dúvida o mais correto e racional a se fazer nestes dias que vivemos. Fundamental pensar nos riscos e nas oportunidades, mas sobretudo é essencial buscar uma organização da comunicação para o enfrentamento dos desafios comunicacionais. Como dito há pouco, o centro de gravidade da comunicação mudou e essa nova posição do trabalho comunicacional em uma organização está se moldando de uma forma mais complexa.
*Agnaldo Brito é diretor de Comunicação em Infraestrutura na LLYC (LLORENTE Y CUENCA), consultoria global de gestão da reputação, presente em 13 países.
As opiniões dos autores não refletem necessariamente o pensamento da Agência iNFRA, sendo de total responsabilidade do autor as informações, juízos de valor e conceitos descritos no texto.