Lais Carregosa, da Agência iNFRA
A indústria eólica se posicionou nesta sexta-feira (14) contra a possibilidade de o presidente Lula vetar um trecho da MP (Medida Provisória) 1.304 sobre o ressarcimento dos geradores por cortes obrigatórios de geração, o chamado “curtailment”. De acordo com representantes das empresas do setor, o veto oferece risco de desmonte da indústria no país e aumento do preço da energia.
Para o diretor Comercial da Nordex, Federico Bianchi, a decisão vai determinar se o setor eólico retoma seus níveis de atividade ou se o país vai “desarmar a indústria e desarmar os empregos que ainda fomos capazes de conservar após dois anos de grandes ferimentos aqui na indústria”.
Já o presidente da Voltalia para a América Latina, Nicolas Thouverez, afirma que o não ressarcimento dos cortes conforme o artigo inserido na MP durante a tramitação na Câmara pode fazer com que os agentes passem a incorporar o custo do curtailment em seus novos projetos, aumentando o valor da energia e reduzindo a atratividade para novas cargas como hidrogênio e data centers.
Os dois participaram, junto de uma série de outros executivos do segmento, de uma coletiva de imprensa convocada pela Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) nesta sexta (14), após circular nos bastidores que o presidente Lula teria decidido vetar o artigo da MP que amplia as possibilidades de ressarcimento aos geradores em relação ao trecho original do relatório do senador Eduardo Braga (MDB-AM).
Empregos
Os agentes ressaltaram o momento de crise global do segmento eólico, que, somado aos cortes no Brasil, têm prejudicado a indústria. O presidente da Vestas na América Latina, Eduardo Ricotta, ressalta os investimentos no país e os empregos gerados. “São mais de 25 mil empregos que temos nessa cadeia. E o que está acontecendo? Só em um fornecedor que eu tenho, já demitimos 7 mil pessoas. Não dá mais, não aguentamos mais”, declarou.
Custos ao consumidor
A presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum, rebateu os cálculos de que os consumidores seriam onerados em R$ 7 bilhões com o ressarcimento do curtailment, conforme o artigo do relatório de Braga determina que o passivo seja arcado por um fundo da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). Segundo contas da Volt Robotics, o valor de ressarcimento do curtailment é de R$ 2,8 bilhões, que serão abatidos do fundo, sobrando R$ 1 bilhão para redução das tarifas.
Os agentes entendem que os dois artigos podem conviver na MP, embora prefiram que, caso haja veto, o artigo do senador Braga seja escolhido para exclusão. Karin Luchesi, presidente da Elera Renováveis, ressalta que o trecho incorporado na Câmara e defendido pelo setor dá mais margem para o MME (Ministério de Minas e Energia) regulamentar o ressarcimento, com menos impacto aos consumidores.








