Rafael Bitencourt, da Agência iNFRA
A mineradora Anglo American divulgou comunicado nesta quinta-feira (28) para defender a decisão de venda do seu portfólio de níquel no Brasil para os chineses da MMG Limited. A transação foi anunciada em maio de 2024, como parte da nova estratégia global da companhia.
O assunto, contudo, voltou ao noticiário em razão de questionamentos do AISI (Instituto Americano de Ferro e Aço) relacionados ao risco de concentração excessiva da produção do bem, que integra a lista de minerais críticos, nas mãos de grupos chineses.
O caso já estaria sendo analisado por órgãos de controle nos Estados Unidos, como o USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA) e, no Brasil, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), além da possibilidade de abertura de investigação pela Comissão Europeia.
A Anglo América, por outro lado, defende a negociação. “O processo de venda foi competitivo e recebemos propostas de diversas empresas globais. Após uma análise criteriosa de todas as ofertas recebidas, a decisão de vender para a MMG foi baseada na qualidade geral da proposta, incluindo o valor ofertado em dinheiro, as garantias apresentadas, o histórico operacional e a capacidade de gestão de longo prazo”, justificou a Anglo American.
A mineradora destacou ainda que “a MMG é uma empresa de capital aberto, com valor de mercado de aproximadamente US$ 4,7 bilhões e reconhecida como uma operadora segura e responsável, com capacidade financeira e técnica para operar as unidades de produção e desenvolver os projetos”.
Plantas de níquel
De acordo com a Anglo American, seu portfólio de níquel conta com duas unidades de produção em Barro Alto e Codemin, em Goiás, além de dois projetos nas cidades de Jacaré e Morro Sem Boné, no Pará e em Mato Grosso, respectivamente.
No comunicado oficial, a mineradora informou que o foco de sua nova estratégia está em investimentos voltados para ativos de cobre, minério de ferro premium e fertilizantes.
Proposta da MMG
A Anglo American listou as vantagens que motivaram a decisão de fechar negócio com a MMG. São elas:
- Pagamento inicial significativamente maior;
- Do valor total da proposta, apenas uma pequena parcela era condicionada ao preço futuro da commodity, sendo a mesma sujeita a condições significativamente mais realistas e alcançáveis;
- Valores independentes de volumes de produção futura de projetos a serem desenvolvidos;
- Estrutura corporativa clara e estabelecida, capaz de sustentar o desempenho atual e futuro, oferecendo maior certeza de que os interesses de todas as partes serão preservados;
- Histórico demonstrado de realizar transações com empresas listadas em bolsa;
- Histórico demonstrado de manter operações por meio dos ciclos de commodities, com investimentos significativos após as aquisições.
Conformidade
Segundo a Anglo American, as tratativas com a MMG estão em conformidade com a legislação e boas práticas de mercado. “Todo o processo seguiu as melhores práticas de governança, que levaram a escolher um comprador que possa manter e investir nos ativos de forma sustentável, dando continuidade a um legado positivo construído ao longo dos mais de 40 anos, baseado no diálogo com todas as partes interessadas, e beneficiando empregados, comunidades, fornecedores, clientes, e a economia goiana e brasileira como um todo”, ressaltou, no comunicado.








