Rafael Bitencourt, da Agência iNFRA
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta sexta-feira (25) que o governo brasileiro aceita receber investimentos dos EUA (Estados Unidos), ou de qualquer outro país, para explorar minerais críticos desde que a soberania seja preservada.
“Gostaria de destacar que o Brasil não pode admitir em hipótese alguma ser recolonizado. Estamos preparando uma política de minerais críticos neste segundo semestre que visa defender o interesse nacional e, é claro, recepcionar capital de qualquer parte do mundo”, afirmou o ministro em entrevista ao canal CNN Brasil.
Silveira citou o exemplo da exploração de lítio – elemento muito demandado na fabricação de baterias – no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, como modelo de produção de forma sustentável e com respeito à comunidade local.
“Essa é a política mineral que o presidente Lula determinou que fosse desenvolvida e é a política que nós vamos apresentar ao Brasil no segundo turno. Uma política que atraia investimentos, seja investimentos americanos, chineses, franceses, russos, mas que preserve a nossa soberania, o nosso direito sobre o nosso solo e subsolo e busque efetivamente fazer qualquer mineração sustentável e segura, que deixe resultados efetivos para as comunidades”, afirmou na entrevista.
Na entrevista, Silveira disse que o governo quer uma política mineral capaz de desenvolver a cadeia, da fase de exploração à manufatura. “Ela está sendo discutida com o setor privado, nos moldes internacionais, buscando as melhores práticas”, ressaltou.
Diálogo
De acordo com o ministro, o governo brasileiro, apesar de não ter alinhamento ideológico com a administração de Donald Trump, não se fechou para qualquer tipo de negociação diplomática com os americanos.
Para Silveira, o Brasil tem uma posição privilegiada em reservas para produção de minerais voltados à transição energética e à indústria de alta tecnologia. “Temos um quarto das terras raras do mundo. Somos riquíssimos em nióbio, cobre e lítio, e queremos recepcionar recursos estrangeiros”, disse.
Na visão do ministro, a iniciativa de abrir diálogo deve partir da Casa Branca. “Quem impôs as tarifas foi o governo americano. Naturalmente, quem tem que abrir o diálogo é o governo americano”, destacou. Contudo, lembrou que o presidente Lula já se manifestou por “diversas vezes” para dizer que espera uma maior abertura do presidente Trump para dialogar.
Segundo ele, a exigência de Trump, que o STF (Supremo Tribunal Federal) recue no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, representa uma “agressão institucional ao Brasil”. Ele reforçou que o governo não pode impor “absolutamente nada” ao Supremo. “Uma coisa são valores inegociáveis como os valores da Constituição Federal, outra coisa são as negociações comerciais”.








