Bernardo Gonzaga, da Agência iNFRA
O deputado Zé Silva (Solidariedade-MG) disse que o país tem focado muito na pauta de polarização política e interesses pessoais dos dirigentes partidários e dado pouca atenção à agenda dos minerais críticos e estratégicos. Silva ressaltou que para avançar na pauta dessa mineração é necessário que o país saia dessa “letargia”.
“Para que o Brasil se torne protagonista [no debate sobre minerais críticos e estratégicos], nós temos que sair de uma letargia, do empobrecimento do debate no país. Nós estamos no quinto mês do ano (…) e poucas pautas nós estamos deixando como legado como pauta de Estado brasileira”, disse o deputado durante evento nesta terça-feira (13) do CB Talks, Os desafios da agenda de minerais estratégicos para o Brasil.
O deputado também destacou que se o país não avançar nessa pauta, corre o risco de chegar na COP30, em novembro deste ano em Belém (PA), sem uma política clara sobre o assunto para apresentar ao mundo.
Para a diretora de pesquisa do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues, o Brasil parte de um histórico muito ruim ligado ao setor de mineração, com alto impacto social e ambiental e que isso não vai mudar de uma hora para outra. Entretanto, é preciso achar um equilíbrio na regulação para que o país tenha projetos importantes para economia ao mesmo tempo em que dá compreensão aos impactos ambientais. Senão, segundo Rodrigues, o Brasil sempre olhará com desconfiança para todo projeto do setor devido ao seu histórico de problemas ambientais e sociais.
“Os instrumentos que estamos falando são de regulação. [Mas] não é só fazer mais regulação, e sim justamente qual a regulação que é necessária. Não é a que vai impedir novos projetos, mas a que vai apaziguar todas essas forças que precisamos garantir que estejam de bem. Hoje vivemos permanentemente em situação de conflito”, disse.
Para Ricardo Sennes, diretor-executivo da Prospectiva Public Affairs Lat.Am, é necessário, além do poder público e setor privado que atua na extração mineral, trazer também as empresas que de fato usam os minerais críticos nos seus produtos finais para o debate.
“Eu fico pensando na Embraer, na Weg, que são empresas altamente inovadoras (…) e são usuárias desse processo todo, encaixar programas de inovação ligados a minerais críticos”, disse.
Já o vice-presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), Fernando Azevedo, disse que o Brasil tem um grande potencial para liderar a agenda de minerais críticos no mundo e também alertou para a dependência de tecnologia estrangeira.
“Nós temos um potencial para liderar globalmente isso. Oportunidade geopolítica e econômica. E temos que tomar cuidado no risco de dependência tecnológica. A tecnologia para isso é muito importante”, disse.