Bernardo Gonzaga, da Agência iNFRA
Dados da ANM (Agência Nacional de Mineração) mostram que atualmente o Brasil tem aprovados 1.451 processos para pesquisas de terras raras. Entretanto, somente uma empresa está em operação neste segmento no país. Trata-se da companhia Serra Verde, com uma unidade integrada de mineração e processamento no município de Minaçu (GO).
Segundo a Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços do Estado de Goiás, Serra Verde explora um dos maiores depósitos de argila iônica fora da Ásia, com importantes vantagens competitivas e ambientais, devido à natureza do depósito, aos impactos ambientais relativamente baixos e à localização em uma área tradicionalmente mineradora, próxima a infraestrutura de energia renovável.
A secretaria também destacou outros dois projetos com potencial de exploração no estado. Um deles é da Aclara Resources, multinacional peruana que já concluiu os estudos e está na fase de instalação da mineradora na cidade de Nova Roma (GO). O investimento estimado é de R$ 2,8 bilhões.
O outro é da Appia Rare Earth & Uranium Corp., uma multinacional canadense que está conduzindo estudos nos municípios de Iporá, Diorama e Israelândia. As pesquisas começaram em 2018 e apresentaram resultados relevantes quanto ao volume, teor e qualidade do minério na região. Do total previsto de investimentos, R$ 50 milhões serão destinados à conclusão das pesquisas, e R$ 500 milhões à implantação da planta de produção de concentrado de carbonato.
Terras raras & baixa conversão
As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos que são utilizados em diversos segmentos de alta tecnologia, como na fabricação de carros elétricos, super ímãs, sistemas de energia e telas de computadores e televisão. Hoje, o Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras do mundo. Fica atrás somente da China, que também domina a tecnologia de separação desses elementos.
Segundo especialistas ouvidos pela Agência iNFRA, alguns fatores contribuem para essa baixa taxa de conversão. O primeiro deles vem da natureza do próprio setor, que historicamente tem baixa margem de sucesso quando comparados o número de terrenos estudados com os minerais encontrados nestes lugares de forma suficiente para exploração.
Outro motivo é a demora entre a autorização de pesquisa até a liberação de operação, que pode chegar a oito anos. Além disso, o segmento de terras raras ainda está em processo de amadurecimento, com muitos estudos em andamento sobre novas funções para além das já conhecidas.
Laboratório de ímãs
O estado de Minas Gerais é, junto com Bahia e Goiás, um dos que têm maiores autorizações para estudos de exploração de terras raras. Ao todo, são 458 no estado mineiro. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento de Minas Gerais, um dos principais projetos ligados ao segmento no estado é o LabFabITR, localizado em Lagoa Santa. O empreendimento, que é o primeiro laboratório-fábrica de ligas e ímãs de terras-raras da América do Sul, é uma iniciativa do governo do estado e da Codemge (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais) e foi adquirido pela Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) em 2023.
O laboratório pretende suprir parte da demanda brasileira pelos ímãs de neodímio-ferro-boro, que são utilizados principalmente em equipamentos como motores de alta eficiência, aerogeradores, equipamentos de ressonância magnética, separadores magnéticos, rolamentos magnéticos e sensores.